A Quinta do Monte atualmente conhecida por Quinta dos Jardins do Imperador, referência ao Imperador Carlos de Áustria, atualmente Beato Carlos de Áustria, pertence ao património cultural da RAM classificado como de Valor Regional (Resolução nº16161/96 de 18 de novembro – Classifica como de Valor Regional a Quinta Gordon, também designada por Quinta do Monte ou por Quinta Rocha Machado, localizada na freguesia do Monte, concelho do Funchal). As primeiras referências da propriedade (segundo Marjorie Hoare, Quintas da Madeira, 2004) remontam ao séc. XVIII, 1784 em que o prédio rústico registado, com aproximadamente 6 hectares, estava no nome de um comerciante madeirense, José Crisóstomo Costa e Silva, que anos depois perdeu a sua fortuna e endividou-se com um sacerdote local, passando a propriedade para o padre Simão Lúcio Nóbrega. Este vendeu a propriedade exuberante pela sua vegetação, situada no Pico (freguesia do Monte), a um homem de negócio inglês residente na ilha da Madeira - Charles Alder, sendo discutível se este proprietário construiu algum edifício na propriedade ou não, ficando em aberto esta hipótese.

Até 1820 foram vários os proprietários da Quinta do Monte, no entanto é de referir que, segundo alguns relatos, ficou registado na memória daquela propriedade a plantação de uma árvore aquando da passagem para o exílio, de Napoleão Bonaparte – no verão de 1815 - pelos mares da Madeira, escoltado por um esquadrão de navios britânicos.

Seguidamente a este episódio, a propriedade foi vendida por Pedro Agostinho Pereira D´Agrela a Thomas Gordon, cidadão britânico (escocês) que veio para a Madeira para se integrar na empresa de Newton e Gordon, exportadores de vinho da Madeira. Refira-se que devido às relações anglo-portuguesas, Thomas Gordon decidiu ficar a residir na Madeira. O seu filho James David Webster Gordon, o terceiro de 4 filhos, retornou à Madeira (de Londres) e integrou a empresa - Newton, Gordon e Murdoch Co - em 1802, que naquela altura foi responsável por metade do desenvolvimento económico da ilha da Madeira.

Durante esta época, início do séc. XIX, Thomas Gordon já tinha começado o melhoramento da Quinta com a construção de poços, riachos e tanques de irrigação na propriedade do Monte, considerando o local adequado para o seu filho James David Webster Gordon se estabelecer quando se casou com a Theodosia Arabella Pollock, única filha do general Pollock, a 16 de abril de 1826.

Um arquiteto inglês foi contratado para projetar uma casa para os recém-casados e introduziu um estilo muitas vezes descrito como Georgiano (1714 a 1830) característico pela sua homogeneidade mas com muitas características madeirenses. Embora a casa tenha sido certamente construída durante o período Georgiano e seguiu certas linhas clássicas também foram incluídos outros estilos ficando mais eclética. Alguns desses exemplos são seguidamente descritos: a cantaria basáltica de fundo vermelho que envolve as portas arredondadas e as janelas francesas ovaladas, cada uma com o seu próprio farol; os níveis do telhado escalonados cobertos de azulejos castanhos; a forma das chaminés que se identificam com a arquitetura local; os alpendres ou varandas com as suas franjas de madeira esculpidas; as alas que se precipitam do corpo quase circular do edifício, enquanto a torre que se distingue na parte traseira da Quinta dirige-se para norte com vista para as montanhas e estava decorada com mais janelas e varanda semicircular, em contraste com a maioria dos outros. As colunas dos cantos do edifício, juntamente com as varandas de ferro simples no nível do primeiro andar fornecem toques decorativos para toda a estrutura e ajuda a reforçar o seu visual.

Modificações ao longo dos anos deixaram a sua marca e a casa já não é exatamente a mesma quando foi projetada pela 1ª vez. A entrada original situava-se a norte do edifício, com degraus de pedra, flanqueados em ambos os lados por balustres de pedra esculpida mas foi considerado muito húmido e sombrio e foi movido para a sua posição atual.

Os grandes salões com acesso direto ao jardim eram conhecidos pelas suas cores. À esquerda estava a sala amarela, no centro da casa, a verde ou sala de música e à direita o salão de rosas onde a família Rocha Machado servia as suas refeições.

Os tetos revestidos dos três salões foram trabalhados em gesso decorativo e as máscaras que os decoravam foram feitas no local em moldes tradicionais. Todos os pisos, rodapés e corrimões foram feitos de madeira altamente polida. A entrada principal e hall, com o teto de estuque pintado, ficavam situados a oeste, uma área posteriormente utilizada pelo Imperador Carlos de Áustria de Áustria.

A sala de jantar, sala de estar, biblioteca foram todos construídos num nível; os quartos, vestiários, casas de banho, alguns quartos menores, lojas, escritórios e uma enorme cozinha foram espalhados pelos outros níveis da Quinta. Os alojamentos de empregados estavam situados longe do edifício principal. Luiz Rocha Machado, beneficiando de água que atravessava a propriedade e a propriedade vizinha, instalou uma pequena turbina na década de 1920 que forneciam eletricidade para a casa. A água que atravessava o grande relvado do lado leste, enchia o lago e continuava com fins de irrigação para a propriedade vizinha ao sul da Quinta. O exterior não aparentava a elegância e a sumptuosidade do interior da Quinta. O que antes era descrito como um palácio em miniatura, era de facto, um tesouro devido às paredes dos seus salões e passagens ornamentadas com pinturas notáveis, reproduções e esculturas: a mitologia grega foi um dos temas favoritos. Havia obras de Rubens, Corregio, Pietro, Cortona, Fransnyders, Cuercino, Gherardo Della Notra, W.Hay, A. Gutlschi e outros mestres. Conhecedor por excelência do mobiliário acrescentou à reputação da Quinta um repositório de arte, não se restringindo apenas a uma casa de campo memorável. James David Webster Gordon deve ter gasto uma pequena fortuna na Quinta do Monte.

Também pediu permissão para que a água fosse transportada para a propriedade e plantou relva, flores e mais árvores naquele espaço. A Quinta do Monte tornou-se impressionante o suficiente para ser imortalizada em 1840, por Andrew Picken, na sua encantadora litografia do tema que dedicou à casa de J.D. Gordon do Monte na Madeira. Em 1842, este ilustre artista e ilustrador dedicou um dos seus livros à Sr.ª James David Webster Gordon, da casa do Monte, na Madeira como seu agradecimento.

Em outubro de 1844, a Sr.ª Catherine Perry escreveu no seu diário, sobre a sua visita à Quinta do Monte, à casa da Sra. Webster Gordon (uma das mais notáveis que visitou) que Gordon gastou trinta mil libras para melhoramento da propriedade incluindo a introdução de árvores tropicais, tais como: uma árvore originária de South Males (Catherine Perry não sabia o nome) aparentemente coberta com folhas escuras, mas que as folhas não eram folhas, mas hastes de onde saia uma pequena folha redonda serrilhada, da qual apareciam novamente quatro bolinhas amarelas; uma outra árvore muito curiosa, um eucalipto com dois tipos de folhas, umas prateadas e bastante redondas e outras em tom verde-escuro. Também descreveu camélias de cerca de trinta metros de altura, provavelmente originárias de estacas vindas da Inglaterra.

Em 1850, morreu James David Webster Gordon, com sessenta e sete anos, e deixou a Quinta ao seu filho mais velho, o Major Thomas Webster Gordon, nascido na Quinta em 1828. Este cedeu a propriedade por escritura, datada de 15 de fevereiro de 1851, a seu irmão Russer Manners Gordon, que também nasceu na Quinta do Monte, em 1829.

O novo proprietário melhorou a propriedade cercando-a com uma parede de pedra e construindo a Torre Malakoff. Esta torre foi assim designada em homenagem à vitória das forças anglo-francesas em setembro 1855, frente às tropas militares russas na guerra da Crimeia (recapturação do castelo de Sebastopol). Para assinalar este facto, foi erguida uma torre circular no jardim – jardim Malakoff - com janelas francesas que dão para um terraço cercado com grades. A torre, na qual se mantinham utensílios de jardinagem, proporcionava vistas panorâmicas para a baía, enquanto no interior se encontravam as caixas de madeira que abrigavam as bandeiras levantadas à chegada dos britânicos e outros navios ao Funchal. O mastro estava situado ao lado da torre.

Russel Manners Gordon também planeou o jardim de Malakoff construindo primeiro um aterro abaixo da casa, reforçado por paredes, projetou dois canteiros semelhantes aos do renascimento italiano, com sebes de buxo anão, aves do paraíso e roseiras. No centro ficava a fonte de Vênus, com conjuntos de flores simétricas de cada lado. Dois patamares com degraus de pedra dirigiam os canteiros para o que viria a ser um lago artificial ladeado por um lado e por outro, por um riacho que atravessava o relvado e ia até à casa.

Russel Manners Gordon era muito empreendedor e até um pouco inventor, pois é o creditado pela invenção do “tobogã” em vime, que hoje é considerado uma grande atração turística - o carro de cesto. Naquela época sem carros, os "carros de cesto" proporcionavam um modo prático de transportar Russel Gordon o mais rapidamente possível até ao seu escritório no Funchal.

Em 1850, Russel Manners Gordon tornou-se sócio da “Newton, Gordon, Cossart & Co” mas deixou a empresa em 1857, quando se casou com Filomena Gabriela Correia Brandão Henriques de Noronha, a condessa de Torre Bela que sucedeu ao seu pai, o primeiro visconde. De acordo com Noel Cossart: "O Rei de Portugal ofereceu a Russel Manners Gordon o título de Conde Torre Bela na condição de ter adquirido a nacionalidade portuguesa, assim, com as propriedades de sua esposa, tornou-se o maior proprietário de terras e vinhedos da ilha.”

Quando Russell Manners Gordon renunciou à empresa de Newton, Gordon e Cossart, continuou com a posse da Quinta do Monte, mas viveu com a sua mulher no Palácio Torre Bela, no largo do Colégio, no Funchal. Em 1870, decidiu vender a Quinta do Monte ao seu único sócio Peter Cossart, que veio de Dublin para a Madeira, em 1831. Este descreve a Quinta como uma "bela casa com veados no parque, faisões na floresta e trutas no riacho", todos os quais foram importados da Inglaterra. Peter Cossart casou com Jane Edwards, e tiveram 5 filhos entre os quais Leland.

O seu filho Leland Crosthwaite, que nasceu em 1844, tornou-se sócio da firma “Gordon e Cossart” em 1867, tendo-se casado com Augusta Wehner quatro anos depois. Em 1870, Peter Cossart morreu, e Leland foi residir para a Quinta um ano mais tarde. Parece que foi responsável pela construção do lago de 340 metros quadrados, e por ter colocado o brasão de família em alvenaria pintada no teto da capela.

Em 1877, Henry Vizetelly descreveu "…a bela Quinta do Monte de Leland Cossart, com os seus relvados e riachos, os seus brilhantes canteiros florais e a sua fonte de mármore esculpida, a sua torre com uma bela vista para o Funchal e navegação na baía. Agradável era passear por um bosque de carvalhos ingleses e fazer caminhadas por entre árvores escolhidas de climas tropicais e temperados, o sobreiro, árvores de borracha, nespereiras, magnólias e camélias dos tamanhos de carvalhos jovens. Eucaliptos australianos com sua folhagem verde-azulada e dezenas de outros cujos nomes exóticos não me atrevo a confiar em mim mesmos ".

Em 1889 Ellen M. Taylor escreveu "Nos belos e extensos terrenos do Sr. Leland Cossart, há muitas plantas raras e curiosas de todos os lugares do mundo que podem ser vistos (introduzidas pela Sra. Webster Gordon), famosa por suas belas camélias, algumas belas árvores australianas crescendo ao ar livre. A estrada a partir desta para a igreja é muito bonita, através de carvalhos e castanheiros ".

Os Cossarts eram muito sociáveis, divertidos e com uma vida luxuosa. Para fins de receções, em 1875, tinham um serviço de jantar inglês feito de barro envidraçado enfeitado com a crista da família. Na Quinta do Monte, eram frequentes as receções, incluindo uma para os oficiais do Esquadrão do Canal Inglês, para membros de colónias estrangeiras, personalidades que passavam pela Madeira e das suas próprias relações. Em 1894, a imperatriz Isabel de Áustria –Sissi - visitou a Quinta.

Quatro anos mais tarde, Leland Cossart morre e em 1899, Luiz Rocha Machado comprou a propriedade a Leland Anthony, filho de Leland Crosthwaite Cossart. Luiz Rocha Machado era o segundo filho de Luiz Rocha Machado e D. Vitória Cândida, banqueiro e latifundiário nascido em 1847 na ilha Terceira-Açores, que quando jovem foi para o Brasil tendo vindo mais tarde para a Madeira, integrando a empresa Blandy que deixou em 1891 por iniciativa própria e fundou uma Casa Bancária no Funchal. Casou-se com Maria Josefina Celina Angela Pimblet, que era francesa e tiveram três filhos: Margarida, Mariana e Luiz. Tornou-se também cônsul da Noruega, foi tesoureiro da junta geral do Funchal e foi diretor da companhia ferroviária do Monte, cuja primeira etapa foi inaugurada em 1893.

Em 1901 aquando da visita do Rei e Rainha de Portugal à Madeira, suas majestades D. Carlos e D. Amélia, Luiz Rocha Machado e sua esposa, D. Maria Josefina aguardavam suas majestades na entrada da Quinta do Monte, juntamente com mais de quinhentos convidados que se formavam em duas linhas para recebê-los e cumprimentá-los com flores à medida que avançavam. Um gesto que foi o início de uma receção que se seguiu. Suas majestades foram levadas até à Torre Malakoff para admirar as gloriosas vistas do oceano e as montanhas verdes. Numa das partes mais bonitas do jardim, foi oferecido à rainha um copo de água pura da montanha seguindo-se por um copo de champanhe. Ao rei foi servido um copo de Vinho da Madeira muito antigo.

Por volta de 1915, a Quinta foi ocupada pelo Dr. Rui Bettencourt da Câmara e sua esposa D. Margarida Pimbet da Rocha Machado e Câmara, uma das filhas de Luiz (segundo).

Durante o período de Luiz Rocha Machado, os terrenos da Quinta foram abertos ao público gratuitamente no dia 1 de maio de cada ano. O proprietário Rocha Machado gostava muito de conversar com pessoas, encorajava a cantar e a dançar ao som de música folclórica local. Uma tradição que continuou ininterrupta até que seus netos se mudaram para fora da Quinta, aproximadamente a 1975.

No dia 30 de abril de 1912, Luiz morreu na Quinta do Pico da Pedra,
Monte, depois de passar uns quarenta anos de vida na ilha. O seu filho Luiz (o terceiro) que herdou a Quinta casou-se com Carolina Vieira de Castro, filha de Henrique Augusto Vieira de Castro do Porto e D. Alegria Adida. Tiveram dois filhos: D. Josefina Rocha Machado, falecida em 23 de outubro de 1999, e D. Helena do Carmo Rocha Machado.

Luiz Rocha Machado desempenhou um papel importante na vida comercial e administrativa do Funchal. Era o principal parceiro da empresa Rocha Machado; Diretor da empresa Burnay; Vice - Presidente da Associação Comercial da Madeira; Cônsul para a Noruega, e Diretor do Banco de Comércio Ultramarino. Também esteve no conselho da Sociedade Musical da Madeira, Luiz Rocha Machado era um intelectual, excecionalmente culto e muito viajado, um monárquico por convicção, um grande admirador de Charles Mourras, e uma autoridade em "Action Française".

A Quinta sempre foi usada pela família nos finais de semana e como um retiro de verão, mas houve um evento que mudou a vida na Quinta do Monte: quando o Imperador Carlos de Áustria da Áustria, o último soberano reinante da dinastia Harbsburg, ficou exilado na Madeira, acompanhado por sua esposa Zita, a antiga Princesa de Bourbon-Parma, neta do rei de Portugal D. Miguel I (1802-1866) que reinou de 1828 a 1834. O Imperador chegou à Madeira no dia 19 de novembro de 1921 e instalou-se na Villa Victorian nos jardins do luxuoso Reid's Hotel. À medida que a sua situação financeira se agravava, Luiz da Rocha Machado ofereceu - sem aluguer - a Quinta do Monte. Nessa altura Zita tinha conseguido que os seus sete filhos viajassem da Suíça para a Madeira e em fevereiro de 1922 toda a família ficou a residir na Quinta.

Embora a Quinta do Monte fosse uma residência de Verão ideal e fosse utilizada para esse fim apenas pelos seus proprietários, no Inverno, era completamente diferente, húmida, envolvida pelo nevoeiro que descia da montanha e sem aquecimento, tornou-se menos convidativa e, melancólica. Numa carta, um membro do staff do Imperador, descreveu: "A neblina penetra em tudo. A casa é tão húmida que tudo cheira a mofo. A cozinha está lá no andar de baixo e não há luz elétrica. Muitas vezes olhamos para baixo para o Funchal, onde parece estar sempre sol. Nós também não temos comida suficiente, alguém deveria protestar, mas suas majestades não se queixam. "

Em março de 1922, o Imperador Carlos de Áustria deslocou-se até ao centro do Funchal e como resultado apanhou um resfriado e uma infeção pulmonar que se desenvolveu em pneumonia dupla. Dois dos seus filhos também estavam na cama com influenza, e um por um, o pessoal sucumbiu a resfriados.

No dia 1 de abril de 1922, o Imperador faleceu na Quinta, aos 34 anos de idade. Consequentemente, a Imperatriz não permaneceu na Madeira aceitando um convite do rei de Espanha Alfonso XIII, para residir no Palácio do Prado.

Todo este triste episódio tornou-se parte integrante da história da Madeira, aumentando consideravelmente o fascínio da igreja paroquial que contém o túmulo do Imperador e a Quinta onde terminou os seus dias.

Em janeiro de 1968, a Imperatriz Zita, acompanhada por dois filhos, o arquiduque Otto e a arquiduquesa Adelaide, retornou à Madeira para assistir à bênção de uma nova capela lateral, onde os restos do Imperador tinham sido transferidos. Esta cerimónia foi acompanhada por uma missa assistida pelo bispo do Funchal, numerosos dignitários locais, e D. Duarte Nuno, duque de Bragança, com sua irmã Dona Felipa. A família Rocha Machado foi representada por Fernando Couto, genro de Luiz da Rocha Machado (o terceiro).

Luiz Rocha Machado construiu uma capela entre 1925-1930, em memória do Imperador Carlos de Áustria ocupando o espaço anteriormente utilizado como salão e a entrada principal da Quinta do Monte. Este oratório foi consagrado em nome do Sagrado Coração de Jesus. O órgão, guardado na entrada do salão, foi eventualmente entregue ao Conservatório de Música do Funchal.

Continuando a história daquela Quinta é de registar outros factos históricos como: em 1922 os aviadores portugueses Gago Coutinho e Sacadura Cabral foram os convidados de honra de um almoço realizado na Quinta pelo seu proprietário. Os dois homens tinham voado para a Madeira durante a sua famosa “travessia aérea” entre Lisboa e Rio de Janeiro, no dia 21 de outubro.

Outros famosos convidados da Quinta foram os ilustres pianistas alemães Wilhelm Kempff e Nela Maisa e a grande dama do fado português, Amália Rodrigues.

No início dos anos 40, os Guias e Escuteiros da Madeira reuniram-se nos jardins do Quinta do Monte. Um dos Guias Ingleses que esteve presente naquela ocasião recorda a visita à capela e a procissão que se realizou ao redor do lago e dos jardins, acompanhados pelos acordeões e cantigas entoadas pelos escoteiros e uma memória que uma criança anglo-saxónica descreveu: “Uma véspera de Natal no final da noite trópica, no alto de uma montanha, a baía logo em baixo, alguns jovens exploraram com as velas, as chamas enquanto seguiam os caminhos do jardim e aproximavam-se com cuidado, cantavam e harmonizavam com habilidade e canções de natal Não havia discórdia naquela noite, embora a guerra tivesse já começado, apenas permaneciam ali a tranquilidade, vozes jovens doces e suaves sons de alegria ".

Luiz Rocha Machado morreu aos oitenta e três anos em 1973 e a sua esposa Carolina em 1984. A Quinta do Monte foi herdada por suas duas filhas: Josefina Rocha Machado Amador e Helena Rocha Machado e Couto, tendo esta última, mudado para a Quinta em 1956, com os seis filhos.

Em 1975, a família Couto saía da Quinta do Monte e algum tempo depois, por volta de 1977 e 1980, cederam-na à pintora madeirense Lurdes de Castro, para instalar o seu estúdio, sendo a última ocupante da Quinta com o seu companheiro Manuel Zimbro. A flora dos jardins e matas foi uma inspiração para a artista que criou um notável herbário de sombras.

O imóvel foi finalmente vendido ao Governo Regional na década de 80 do séc. XX, para instalar a Universidade da Madeira acabando por não se concretizar. Por quase trinta anos, a propriedade permaneceu sem ocupação seguindo-se a renomeação Quinta Jardins do Imperador. Em 2002, através de concurso público, o Governo concedeu a concessão da gestão da Quinta ao Grupo Camacho (empresa MadeiQuintas) associando ao projeto, o engenheiro Rui Vieira, primeiro diretor do Jardim Botânico da Madeira – especialista em botânica - e António Couto, filho do Dr. Fernando Couto que nasceu na Quinta do Monte.

A intenção era de transformar a antiga casa de guarda no escritório de administração e loja de merchandising. A Torre de Malakoff seria utilizada como cafetaria, para encaminhar o público a visitar os circundantes "Jardins do Imperador" e apreciar a vista para o Funchal a partir do miradouro. Apontado para 2006, seria o ano de restauração da casa principal mantida exatamente como era, com uma outra utilidade (ano da beatificação do último membro da dinastia dos Habsburgo, o Imperador Carlos da Áustria). O intuito era desenvolver a Quinta num centro de atividades culturais, ou seja, concertos de música clássica, exposições e um museu. A história da Quinta seria apresentada desde a época de James David Webster Gordon até à família Rocha Machado, e o período em que o Imperador Carlos da Áustria ocupou a casa e ali faleceu. Também estava previsto um restaurante e um bar, e a probabilidade de estabelecer um mini-campo de golfe ao norte da propriedade. De acordo com António Couto na época, esperava que o projeto estivesse concluído até ao ano 2006.

Atualmente, após os incêndios que ocorreram em agosto de 2016 e que afetaram este espaço, a Quinta e os jardins, são alvo de um trabalho de recuperação.

No dia 8 de abril de 2018 a Quinta Jardins do Imperador abriu ao público. Neste dia a Junta de Freguesia do Monte realizou a terceira edição do "Monte do Imperador", evento evocativo à passagem do Imperador Carlos pela Freguesia do Monte.