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A introdução de animais e plantas em ecossistemas insulares oceânicos é um dos grandes problemas de conservação dos nossos dias. Este panorama começou a desenhar-se quando o Homem passou a ter capacidade para continentalizar estas pequenas porções de terra, isoladas desde o dia em que surgiram. Tal como aconteceu um pouco por todo o Mundo, em tempos históricos a Selvagem Grande e a Deserta Grande foram alvo da introdução de várias espécies. Quatro das espécies mais lesivas para o equilíbrio destes habitats terrestres a cabra Capra hircus, o coelho Oryctolagus cuniculus, o murganho Mus musculus e a tabaqueira Nicotiana glauca foram alvo de projetos de controlo/erradicação com vista a permitir a recuperação destes patrimónios naturais.

 

 OBJETIVOS

PRINCIPAIS RESULTADOS

CONCLUSÕES

LINKS ÚTEIS

CONTACTOS

 

 

OBJETIVOS

O grande objetivo desta iniciativa passou pela criação das condições que permitissem a recuperação das espécies e habitats existentes na Deserta Grande e Selvagem Grande, através da erradicação dos animais e plantas introduzidos.

 

Deserta Grande

Historicamente três grupos de vertebrados foram introduzidos nas Ilhas Desertas: a cabra Capra hircus, o coelho Oryctolagus cuniculus e o murganho Mus musculus. A introdução dos dois primeiros, provavelmente no século XV, deveu-se às tentativas de colonização destas Ilhas pelo Homem. Estes animais conduziram à degradação do coberto vegetal, fundamentalmente, da Deserta Grande e do Bugio levando a uma diminuição tanto da abundância como da diversidade da flora, acelerando os processos de erosão.Relativamente aos murganhos, não existem dados concretos referentes à sua introdução e também à sua situação atual. A proximidade das Ilhas Desertas à Ilha da Madeira e o permanente uso humano que estas ilhas tiveram ao longo dos séculos, pressupõe que estamos perante vários episódios de introdução acidental. A não introdução de qualquer uma das outras duas espécies de ratos existentes na Madeira, Rattus rattus e R. norvegicus, é uma situação muito positiva e extraordinária. O mesmo se pode referir relativamente ao não estabelecimento de gatos nestas ilhas. Refira-se que existem registos da existência destes predadores na Deserta Grande, existindo documentação fotográfica de um exemplar encontrado morto nos anos 80 do século XX.Em 1996, com o apoio do programa Life - Natureza, foram desenvolvidos esforços para a erradicação dos coelhos e das cabras na Deserta Grande.

 

Selvagem Grande

Em tempos históricos a Selvagem Grande foi alvo da introdução de pelo menos quatro espécies extremamente lesivas para o equilíbrio dos seus habitats; estamos a falar de três vertebrados, a cabra Caprus hircus, o coelho Oryctolagus cuniculus e o murganho Mus musculus, e de uma planta, a tabaqueira Nicotiana glauca. Se a introdução dos murganhos acontece normalmente de forma involuntária, o mesmo não se passa relativamente às outras espécies, sendo sobejamente sabido que os navegadores faziam-se tradicionalmente acompanhar pelos seus animais domésticos, os quais iam soltando à medida que novas terras eram encontradas.

Este procedimento não só garantia a existência de alimentos num eventual regresso a estas paragens, como também servia para testar a sua prestabilidade para uma eventual posterior colonização. O problema surge porque as espécies oriundas de áreas continentais apresentam uma extraordinária capacidade de competir com as indígenas, algumas vezes levando-as à extinção, mas sempre alterando a dinâmica dos ecossistemas insulares. A data da chegada do primeiro Homem à Selvagem Grande não está definida, contudo existem registos do conhecimento da sua existência que remontam pelo menos ao século XIV, pelo que é legítimo assumir que a delapidação do seu património natural tenha ocorrido ao longo de várias centenas de anos. Só em 2000, e por se verificar que a degradação existente na Selvagem Grande apresentava ainda um caráter de reversibilidade, foi lançado o projeto de Recuperação dos habitats terrestres da Selvagem Grande. O objetivo desta iniciativa baseava-se na criação das condições que permitissem a recuperação das espécies e habitats aí existentes, através da erradicação dos animais e plantas introduzidos. 

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PRINCIPAIS RESULTADOS

Os principais resultados atingidos com este projeto foram:

  • A erradicação do coelho, na Deserta Grande, através da distribuição de um anti-coagulante de segunda geração.
  • A redução drástica do efetivo populacional de cabras, na Deserta Grande, através do seu abate com armas de fogo. Relativamente a este grupo a erradicação total não foi ainda possível, sendo a população mantida em níveis bastante reduzidos.
  • A erradicação do coelho, na Selvagem Grande eliminados através de um método misto que envolveu a distribuição de rodenticida e de armadilhas.
  • A erradicação do murganho, na Selvagem Grande, através de rodenticida que foi colocado em tubos e caixas, de forma a minimizar os impactos negativos sobre as espécies não alvo.
  • O controlo da Tabaqueira, na Selvagem Grande, através de métodos mecânicos, exceto nos casos em que foi possível a retirada total das raízes da planta. Nestas circunstâncias foi aplicado localmente um herbicida sistémico.  

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CONCLUSÕES

Este projeto apresentou um saldo francamente positivo e os resultados perspetivados foram todos atingidos. Em suma foram criadas as condições para que os habitats da Deserta Grande e Selvagem Grande evoluam em direção a uma situação de equilíbrio.

Todo o esforço, realizado neste projeto, tem sido acompanhado por um sólido programa de monitorização, que tem permitido o melhor acompanhamento dos processos regenerativos que os ecossistemas já apresentam. De uma forma geral, e passado pouco tempo sobre a eliminação dos herbívoros e da Tabaqueira, a Selvagem Grande é já uma ilha mais rica e diversa, onde se verifica a explosão de endemismos macaronésicos como a Lobularia canariensis. O aumento da população de corre-caminhos é outro indicador dos impactos positivos que já se verificam. Estes pequenos passeriformes, por nidificarem junto ao solo, eram alvo da pressão de predação imposta pelos murganhos, e da perturbação provocada pelo grande número de coelhos que aqui existiam.Tem-se verificado também a recuperação dos habitats da Deserta Grande, tendo sido já encontradas numerosas plantas antes não descritas para esta ilha. Outro exemplo da recuperação destes ecossistemas é o aumento da área de distribuição das tarântulas.

A erradicação dos murganhos, da Selvagem Grande, põe-nos perante um caso pioneiro e único no panorama mundial, e que com certeza será mais uma afirmação da qualidade do trabalho desenvolvido na Região em prol da biodiversidade mundial. 

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LINKS ÚTEIS

DAISIE – Delivering Alien Invasive Species In Europe 

GISIN – The Global Invasive Species Information Netwok 

GISP – Global Invasive Species programme 

HEAR – Hawaiian Ecosystems at Risk

ISSG/IUCN – Invasive Species Specialist Group

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CONTACTOS

Coordenação do projeto 

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