O nome Cabo Girão remonta à descoberta da ilha da Madeira, quando Zarco terminou o “giro” do primeiro dia de reconhecimento da costa madeirense.
Junto ao mar, existem algumas fajãs, como é o caso da Fajãs dos Asnos e Fajã das Bebras cuja denominação também derivou de fatores históricos, culturais e socioeconómicos daquela área.
A Fajã dos Asnos, tem a ligação da agricultura com a antiga pedreira do Cabo Girão, que usava o animal doméstico asno (burro) para o transporte de produtos agrícolas. Relativamente à Fajã das Bebras, segundo o Dicionário de Falares do Arquipélago da Madeira de J.M. Soares de Barcelos, esta designação pode ter dois sentidos, ou seja, o nome de uma espécie de figo temporão produzido pelas árvores vulgarmente conhecida como “bebereira” ou, significa preguiçoso “és um bêbra, não queres fazer é nada”.
Entre o século XIII e o século XIX, nas fajãs do Cabo Girão, foram plantadas culturas permanentes, nomeadamente a vinha e árvores de frutos em abundância, originando estruturas de apoio a esta atividade (palheiros, latadas, currais e a casa lagar).
A partir do século XX, o cultivo de banana, ocupou a maioria destas fajãs. Com o crescimento da produção agrícola grandes entraves surgiram à produção, respetivamente, a quantidade limitada de terrenos para produção, ausência de infraestruturas para transporte de água doce para rega e a inacessibilidade. Para combater a inacessibilidade aos terrenos agrícolas, em 2003, foi construído no sítio do Rancho um teleférico, facilitando o acesso aos agricultores.
Além do Cabo Girão ser um espaço muito conhecido pela sua produção agrícola, neste espaço encontra-se uma grande quantidade de socalcos, que permitem a proteção das produções dos ventos salgados e maresias do mar. Os socalcos suportados por muros de pedra aparelhada são constituídos como património cultural material da paisagem da ilha da Madeira, servindo simultaneamente como suporte de vida ao réptil terrestre endémico do arquipélago, a lagartixa-da-madeira (Teira dugesii).
No Cabo Girão, a importância das pedreiras existentes e o volume dos blocos de pedra extraídos foi de tal ordem, que o Rei D. Manuel I ordenou construir embarcações com características específicas para o transporte da pedra desde o Cabo Girão até à cidade do Funchal. Segundo a obra “A Pedra Natural do Arquipélago da Madeira”, para além da emblemática Sé Catedral do Funchal, a cantaria do Cabo Girão foi também utilizada num número significativo de outros edifícios históricos do arquipélago, como é exemplo, o Convento de Santa Clara, o Forte de São Tiago, o edifício da Câmara Municipal do Funchal, o Museu da Quinta das Cruzes, o Museu Frederico Freitas, o Museu de Arte Sacra, o Palácio de São Lourenço, o Palácio dos Cônsules, o Palácio dos Ornelas, a capela do Parque de Santa Catarina, a Capela da Boa Viagem e a Torre do Capitão (Gomes, 1997).
Em 1953 contruíram-se novos acessos e o miradouro, originando os primeiros negócios na estrada que dava acesso à Quinta Grande (Câmara de Lobos). (Fonte:https://areaprotegidadocabogirao.pt/file/livro-area-protegida-do-cabo-girao.pdf).
Fonte do texto: https://areaprotegidadocabogirao.pt/conhecer/tempo-espaco