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Pintassilgo Corre-caminhos  Garajau-comum

Espécies terrestres

A Ponta de São Lourenço constitui a península mais oriental da ilha da Madeira e tem no seu prolongamento dois ilhéus - o Ilhéu do Desembarcadouro (também conhecido por Ilhéu da Metade ou da Cevada) e o Ilhéu do Farol (também designado por Ilhéu da Ponta de São Lourenço ou de Fora). A importância ornitológica é muito distinta nos dois ilhéus.

O grupo de animais com maior interesse, pela sua diversidade e singularidade, é o dos invertebrados. Este é representado essencialmente por moluscos e artrópodes. Os moluscos terrestres, vulgarmente designados por caracóis, são normalmente considerados pelas pessoas como animais pouco simpáticos, lentos, segregadores de um muco viscoso repugnante e destruidores de plantas hortícolas e ornamentais. No entanto, este grupo ocupa uma posição de destaque na biodiversidade madeirense conferida pelas inúmeras espécies endémicas do arquipélago, únicas à escala mundial.

A taxa de diversidade malacológica da Ponta de São Lourenço é inferior ao resto do arquipélago da Madeira, devido ao reduzido número de espécies e respetivas abundâncias contudo, esta é uma área importante ao nível malacológico.

Atualmente a Ponta de São Lourenço conta com 31 taxa, 65% dos quais são endémicos e 2 exclusivas da área: Geomitra watsoni e Amphorella tornatellina minor. Estas espécies distribuem-se não só pela área peninsular mas também pelo Ilhéu do Desembarcadouro e Ilhéu do Farol, ocupando todos habitats disponíveis, quer seja debaixo de rochas e junto ao solo, quer associadas à vegetação local (como acontece com o endemismo Sueda vera), quer ainda em zonas de declive, nas frestas de rochas, como é o caso das 3 espécies do género Boettgeria.

Para mais informação consulte o projeto LIFE Recover Natura

As aves terrestres mais frequentes são: o corre-caminhos (Anthus berhelotii madeirensis), o pintassilgo (Carduelis carduelis parva) o pardal-da-terra (Petronia petronia madeirensis), o canário-da-terra (Serinus canaria canaria), a perdiz (Alectoris rufa), a codorniz (Coturnix coturnix confisa), o pombo-da-rocha (Columba livia atlantis) e as rapinas: a manta (Buteo buteo harterti), o francelho (Falco tinnunculus canariensis), e a coruja (Tyto alba schmitzi). Muitas outras aves de várias espécies visitam ocasionalmente esta área protegida funcionando como ponto de paragem para aves migradoras como: a garça-branca-pequena (Egretta garzetta), a garça-real (Ardea cinérea), a rola-do-mar (Arenaria interpres), o maçarico (Numenius phaeopus), entre outras espécies.

Para mais informação sobre as aves nidificantes consulte o atlas das aves nidificantes.

Nesta área surgem várias espécies introduzidas de animais com caráter invasor. Os vertebrados introduzidos nesta área e causadores de impactos vastamente descritos na bibliografia, são os coelhos (Oryctolagus cuniculus), os murganhos (Mus musculus) e os ratos (Rattus rattus).

Um vertebrado terrestre nativo e muito comum na Ponta de São Lourenço é a lagartixa (Teira dugesii dugesii), subespécie endémica da Madeira.

 

Espécies marinhas

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Bodião Peixe Verde Peixe-cão


O sistema litoral da Ponta de São Lourenço é constituído por uma costa rochosa bastante exposta ao hidrodinamismo marinho. Ao longo da costa existem inúmeras grutas, algumas das quais com entrada submersa, e pequenas praias de calhau rolado, o substrato rochoso é predominante. Grande parte deste substrato tem um declive acentuado, mas também se encontram várias plataformas rochosas, algumas com poças de maré. No mar adjacente encontram-se alguns prolongamentos rochosos, pequenos ilhéus e rochas emersas e submersas quase ligadas à costa. Os fundos são de rocha e de areia.

A fauna marinha da Ponta de São Lourenço é semelhante ao resto do arquipélago, possuindo afinidades marcadamente europeias e mediterrânicas, sobretudo ao nível de grupos como os peixes e os crustáceos do litoral.

Nas zonas rochosas, mais conhecido por nível supralitoral encontram-se povoamentos de litorinas (Littorina striata). De forma isolada começam a aparecer caramujos (Gibula sp.) e no inferior deste andar aparecem colónias de cracas (Cthmalus stellatus). Grupos de lapas começam a surgir, primeiro as lapas (Patella pipperata), e depois Patella áspera e Patella candei que se estendem até ao infralitoral. Neste andar aparece o caranguejo-cabra (Grapsus adscensionis).

Na zona do médiolitoral existe uma diversidade mais elevada de espécies de fauna. A este nível podemos encontrar espécies como as anémonas, as esponjas, os equinodermes (Paracentrotus lividus) e (Arbacia lixula), e do camarão-das-poças (Palaemon elegans).  Algumas espécies de crustáceos Pachygrapsus spp. e Eriphia verrucosa, gastrópodes Monodonta spp. e Gibbula spp. vivem nas reentrâncias rochosas, por se manterem húmidas e escuras.

Conforme aumenta a profundidade (nível infralitoral) o número de organismos aumenta, passando a existir uma fauna mais diversificada que inclui crustáceos anfípodes, isópodes e decápodes, sipunculídeos, anelídeos poliquetas e moluscos gastrópodes que vivem entre as algas e na massa sedimentar retida por estas.

Dentro dos moluscos há a assinalar as espécies Lima lima, Hexaplex trunculus e Spondylus senegalensis. O poliqueta (Hermodice carunculata) é também muito abundante.
Nos fundos rochosos, são frequentes as holotúrias e os ouriços-do-mar, sendo a espécie dominante o ouriço-do-mar-de-espinhos-compridos (Diadema antillarum).

Nos peixes, destacam-se, espécies de grande porte, como sejam o mero (Epinephelus marginatus), o badejo (Mycteroperca fusca) e o peixe-cão (Bodianus scrofa), assim como uma grande variedade de outras espécies costeiras como o sargo (Diplodus sargus), o sargo-veado (Diplodus cervinus), o bodião (Sparisoma cretense), o peixe-verde (Thalassoma pavo) e as castanhetas (Abudefduf luridus) e Chromis limbata. Típicas destes fundos rochosos são as moreias (Muraena helena), M. augusti, Enchelycore anatina e Gymnothorax unicolor.

No âmbito da Birdlife Internacional, a Ponta de São Lourenço está classificada como Área Importante para as Aves (IBA), por ser um importante local de nidificação de aves marinhas. Nidificam neste local aves marinhas com interesse comunitário, constantes no anexo I da Diretiva Aves, como sejam a cagarra (Calonectris borealis), alma-negra (Bulweria bulwerii), o roque-de-castro (Oceanodroma castro), o pintaínho (Puffinus lherminieri baroli) e o garajau-comum (Sterna hirundo).

O Ilhéu do Farol é um local por excelência de nidificação de aves marinhas por não possuir quaisquer predadores terrestres, enquanto o Ilhéu do Desembarcadouro é mais condicionado dado a existência de ratos. No entanto, é neste último que nidifica uma das maiores colónias de gaivota-de-patas-amarelas (Larus michahellis atlantis) da Região.

Esta área protegida constitui ainda local de ocorrência para espécies de mamíferos e répteis marinhos, constantes no anexo II da Diretiva Habitats, como sejam o golfinho-roaz (Tursiops truncatus), foca-monge-do-Mediterrâneo  ou lobo-marinho (Monachus monachus) (Projeto lobo-marinho) e a tartaruga-comum (Caretta caretta), sendo as duas últimas espécies prioritárias.

 SRA (2014). Estratégia Marinha para a subdivisão da Madeira. Diretiva Quadro Estratégia Marinha. Secretaria Regional do Ambiente e dos Recursos Naturais. Junho de 2014.

 

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