O pombo-trocaz Columba trocaz é uma espécie endémica da Ilha da Madeira. Estando atualmente restrito à ilha da Madeira, existem contudo evidências fósseis que sugerem uma distribuição mais alargada, que incluía a ilha do Porto Santo. Vive associado à Laurissilva, apesar de ser frequentemente visto em zonas de floresta exótica adjacentes a esta. Apresenta uma clara preferência por áreas com predominância do Til Ocotea foetens, árvore que é bastante procurada ao longo de todo o ano. Os estratos herbáceos e arbustivos são também usados de forma consistente, com especial relevo para os períodos em que existe menor disponibilidade de baga.
A população desta espécie tem vindo a ser monitorizada e avaliada periodicamente desde 1996, estando atualmente estimada, nas suas áreas chave de ocorrência – floresta Laurissilva e áreas adjacentes - como superior a 12000 indivíduos. É uma população que se mantém estável, com flutuações expectáveis para este tipo de populações selvagens,, estando garantida a sua estabilidade e adequado funcionamento.
Em termos históricos a perda e degradação do seu habitat foi um fator determinante. Nos últimos anos tem-se vindo a assistir a um alargamento da área de distribuição desta espécie, sendo que, atualmente, pode ser encontrada um pouco por toda a ilha. Por esta razão, e fruto dos estragos que causa nos campos agrícolas, goza de uma grande impopularidade junto das populações rurais, o que pode levar ao seu envenenamento e abate ilegal. De forma a minimizar os estragos que esta espécie causa em áreas agrícolas, têm sido dados apoios aos agricultores, através do seu acompanhamento e da distribuição gratuita de três tipos de dispositivos (espanta-pássaros a gás, redes de exclusão e fitas holográficas) para minimização dos estragos causados nas culturas.
OBJETIVOS
DESCRIÇÃO DA ESPÉCIE
Distribuição
Ao nível da Macaronésia ocorrem ainda Columba bollii e Columba junoniae, endémicas das Ilhas Canárias, e Columba palumbus azorica, subespécie endémica dos Açores. Refira-se igualmente a existência, na Ilha da Madeira, de um outro endemismo, Columba palumbus madeirensis, que se extinguiu após a chegada do homem.
Descrição e morfometria
Uso do habitat e dieta
Reprodução
Conservação
Ocorre exclusivamente na Ilha da Madeira, constituindo, conjuntamente com o bis-bis Regulus madeirensis, os únicos endemismos da avifauna terrestre do arquipélago.
A população está estimada, nas suas áreas-chave de ocorrência, como superior a 12000 indivíduos, mantendo-se estável e com um estatuto de conservação favorável, apresentando flutuações expectáveis para este tipo de populações selvagens, estando garantida a sua estabilidade.
Ameaças
Estatuto Legal
Medidas de Conservação
PRINCIPAIS AÇÕES EM CURSO
Minimização dos estragos causados nos campos agrícolas
O elevado estatuto de proteção conferido à Floresta Laurissilva faz com que os problemas de perda e degradação do habitat já não se coloquem para o pombo-trocaz. No entanto, dado que a espécie tem vindo a alargar a sua área de distribuição, ocorrendo frequentemente em áreas de floresta exótica ou áreas agrícolas fora da floresta Laurissilva, a principal ameaça e fator limitante que a espécie enfrenta tem origem nos estragos que provoca nos campos agrícolas.
Como tal, o objetivo deste projeto passa pela compatibilização entre a presença do pombo-trocaz e a prática agrícola, nas zonas limítrofes do seu habitat através da minimização dos estragos causados.
Para tentar prevenir a depredação de colheitas, bem como o consequente abate ilegal de pombos, são distribuídos gratuitamente aos agricultores três dispositivos distintos: afugentadores sonoros (espanta-pássaros a gás), redes de exclusão e fitas holográficas refletoras.
Apesar do sucesso destas medidas ser largamente condicionado pelo seu elevado custo, tem existido um incremento anual da sua procura e distribuição.
Dada a expansão consolidada da espécie para novas áreas, desde 2012 que, continuamente diversas culturas agrícolas de muitas zonas da ilha da Madeira têm sido assoladas por estragos causados pelo pombo-trocaz, com consequências socioeconómicas nefastas para os agricultores e, consequentemente, para as economias familiares que lhes estão associadas (Relatório anual do programa de minimização dos estragos causados nos campos agrícolas pelo pombo-trocaz, Columba trocaz 2013, 2014, 2015, 2020, 2021 ). Uma vez que os meios utilizados para minimizar esses mesmos estragos não estão a corresponder com a eficácia necessária, foi autorizado, pelo Despacho Normativo nº2/2012, de 3 de maio, uma época especial de abate do pombo-trocaz, enquanto medida corretiva da espécie. Esta medida tem vindo a ser prorrogada, havendo um acompanhamento regular do estado da população, de modo a evitar que, na sequência da mesma, se deteriore o estatuto de conservação desta espécie endémica.
Monitorização do estado de conservação (censos)
O primeiro trabalho sistemático com o objetivo de contribuir para um melhor conhecimento da ecologia desta espécie, assim como o de estabelecer uma linha de monitorização que permitisse seguir os seus efetivos populacionais, foi efetuado em 1986. Nesta altura a população foi estimada como sendo superior a 2700 aves. Este censo foi efetuado numa época extremamente oportuna, porque antecedeu a implementação de uma série de medidas de gestão e de proteção da espécie, o que permite uma avaliação continuada do sucesso das mesmas.
Em 1995, 1999, 2003, 2004, 2006, 2009 e 2012, novos censos da população foram desenvolvidos, repetindo a mesma metodologia, tendo sido verificado, desde 2009, uma estabilização da população em valores entre 10000 e 12000 indivíduos. Ao longo da última década, os censos continuaram a ser realizados, sendo o mais recente em 2021 (Evolução dos efetivos populacionais de pombo-trocaz, Columba trocaz 1986-2021. Atual estado de conservação) o qual permitiu concluir que o efetivo populacional do pombo-trocaz Columba trocaz se encontra estável, com flutuações perfeitamente expectáveis para populações selvagens em equilíbrio com o seu meio ambiente. Este projeto de monitorização é considerado da maior importância por:
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permitir o seguimento dos efetivos populacionais desta espécie endémica, constituindo uma ferramenta imprescindível para a sua gestão e conservação;
- ser uma das poucas monitorizações de longa duração de que alguma espécie de ave insular é alvo em todo o mundo, contribuindo para o estudo da biogeografia de aves em ilhas, nomeadamente as suas oscilações populacionais.
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