As Áreas Importantes para Aves, ou IBAs (do inglês Important Bird Areas), são áreas designadas, segundo critérios objetivos definidos pela BirdLife International, em função do estatuto de ameaça das espécies de aves que as utilizam.
Este projeto LIFE Natureza, promovido pela SPEA com o apoio do SPNM, decorreu entre 2004 e 2008, e teve por objetivo principal contribuir para a implementação da Diretiva Aves no meio marinho em Portugal, através da identificação do inventário de áreas mais adequadas para as aves marinhas incluídas no Anexo I da Diretiva, espécies de aves migradoras e invernantes regulares. O objetivo final da identificação de IBAs é conseguir que essas áreas venham a ser classificadas com estatuto de proteção legal, nacional e/ou internacional.
A IMPORTÂNCIA DAS AVES MARINHAS
CRITÉRIOS UTILIZADOS NA IDENTIFICAÇÃO DE IBA's
A IMPORTÂNCIA DAS AVES MARINHAS
Das 334 espécies de aves marinhas registadas no mundo, 20 nidificam em Portugal e muitas outras utilizam as águas incluídas na ZEE Portuguesa. O nível de ameaça destas espécies, segundo os critérios definidos pela BirdLife International e pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), varia desde o Pouco Preocupante (LC) até ao Criticamente em Perigo (CR).
De acordo com o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal (Cabral et al. 2005), dez destas espécies possuem estatuto de ameaça, muitas vezes diferenciado entre os mares do Continente e as áreas marinhas das Regiões Autónomas. O Arquipélago da Madeira reveste-se de particular importância para as aves marinhas. Espécies como o garajau ou a gaivota distribuem-se por todas as ilhas do Arquipélago em colónias de pequena dimensão. Na ilha da Madeira nidifica a única colónia mundial de freira-da-madeira, espécie classificada como "Em Perigo" e já considerada extinta no passado, até ser redescoberta em finais da década de 1960. A maior colónia de patagarro de Portugal e da Macaronésia localiza-se também nesta ilha, estando estimada em algumas centenas de casais.
Na ilha do Porto Santo e ilhéus adjacentes existem pequenas populações de cagarra, roque-de-castro, alma-negra e pintainho. Os Arquipélagos das Desertas e Selvagens, ilhas desabitadas, classificadas como Reservas Naturais pelos seus valores de fauna e flora, reúnem as maiores colónias de aves marinhas. Nas Desertas nidifica a endémica freira-do-bugio, que estudos moleculares e morfológicos recentes indicaram ser uma espécie distinta da que ocorre em Cabo Verde, aumentando assim, devido à reduzida população, o seu grau de ameaça.
Nas ilhas Desertas nidifica ainda a maior população de alma-negra de todo o Atlântico, e importantes populações europeias e atlânticas de cagarra, pintainho e roque-de-castro.
As Ilhas Selvagens, no extremo Sul do Arquipélago, são muito importantes para as aves marinhas. Aqui nidifica a maior colónia de cagarra a nível mundial, bem como as maiores colónias de calcamar e de pintainho de todo o Atlântico Norte, e ainda um número muito significativo de roque-de-castro e alma-negra.
Uma vez que a proteção das aves marinhas faz parte das prioridades das medidas relativas à Conservação da Natureza levadas a cabo pela Secretaria Regional do Ambiente e Recursos Naturais (SRA), largamente demonstrado pelos esforços desenvolvidos nas áreas protegidas, a participação neste projeto enquadrou-se numa perspetiva de dar uma maior profundidade a todo o trabalho desenvolvido no âmbito da proteção deste grupo de vertebrados marinhos.
CRITÉRIOS UTILIZADOS NA IDENTIFICAÇÃO DE IBA'S
Os critérios utilizados para a identificação de IBAs são claros e objetivos, constituindo desde há décadas os valores de referência mundiais para proteger e melhorar o estatuto de conservação das aves. No entanto, a aplicação destes critérios no meio marinho exigiu algumas modificações, quer ao nível da definição dos tipos de IBA marinha quer dos critérios numéricos que estabelecem a importância das populações de aves que a utilizam.
Tipos de IBA Marinha:
a) Extensões costeiras de colónias de reprodução
Nestas áreas concentram-se importantes números de aves associadas à colónia, que utilizam a área para alimentação, repouso, paradas nupciais, etc.
b) Áreas de concentração costeira fora do período reprodutor
Neste tipo de IBA enquadram-se todas as concentrações costeiras de aves marinhas, nos seus lugares de invernada ou nos períodos de muda.
c) Áreas de concentração pelágicas
Esta categoria encontra-se muito relacionada com a anterior e corresponde às zonas que apresentam, com regularidade, um grande número de aves, e/ou por serem frequentadas por espécies prioritárias, mas que não se encontram ligadas à costa ou a colónias de nidificação em terra.
d) Corredores migratórios
Estas são áreas que, pelas suas características geográficas, funcionam como um "funil" e que condicionam a passagem de populações inteiras de aves marinhas, ou de grande parte destas, durante as suas migrações.
RESULTADOS
Os principais resultados atingidos com este projeto foram:
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A publicação da SPEA - Ramírez I., Geraldes P., Meirinho A., Amorim P., Paiva V., 2008. Áreas Importantes para as Aves Marinhas em Portugal. Projecto LIFE04NAT/PT/000213 – Sociedade Portuguesa para o estudo das Aves. Lisboa.
- A identificação de 17 IBAs em Portugal Continental, no Arquipélago dos Açores e Arquipélago da Madeira. Neste total de 17 IBAs destacam-se, por pertencerem a Região Autónoma da Madeira, a identificação de duas IBAs marinhas na Zona Económica Exclusiva do Arquipélago da Madeira: uma que ocupa a área envolvente às Ilhas Desertas (PTM16) e outras às Ilhas Selvagens (PTM17), ambas pertencentes ao tipo a)"Extensões das colónias de nidificação". As áreas designadas são utilizadas por algumas das mais importantes colónias de aves marinhas pelágicas do Atlântico Norte, e englobam ilhas e ilhéus não habitados de origem vulcânica.
PUBLICAÇÕES DE INTERESSE
LINKS ÚTEIS
Saiba mais sobre este projeto no site oficial do mesmo em http://lifeibasmarinhas.spea.pt/
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