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Freira-do-bugio Lobo-marinho

HABITATS

As Ilhas Desertas combinam uma variedade de factores, nomeadamente: localização geográfica, isolamento e condições de colonização muito difíceis, que as fazem apresentar habitats que são representativos e importantes para a conservação in situ da biodiversidade.

Dado a grande importância destes habitats, alguns estão classificados de "Habitats de interesse comunitário".

Habitats de interesse comunitário presentes nas Ilhas Desertas:

  • Enseadas e baías pouco profundas;
  • Falésias com flora endémica das costas macaronésias;
  • Formações baixas de euforbiáceas junto a falésias;
  • Grutas marinhas submersas ou semi-submersas.


FAUNA 

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Alma-negra Lagartixa Lobo-marinho Aranha - tarântula

São várias as espécies raras e endémicas que se encontram nas Ilhas Desertas, mas foi a necessidade urgente de preservar uma pequena colónia de foca-monge do Mediterrâneo Monachus monachus, vulgarmente conhecida como lobo-marinho, que motivou a proteção desta área.

A fauna marinha das Ilhas Desertas é semelhante à do resto do arquipélago, apresentando afinidades europeias e mediterrânicas, sobretudo ao nível dos peixes e crustáceos do litoral, como sejam castanhetas Chromis limbata e Abudefduf luridus, taínha Liza aurata, boga Boops boops, sargo Diplodus sp., garoupa Serranus atricauda, bodião Sparisoma cretense, peixe-cão Bodianus scrofa, peixe-verde Thalassoma pavo, caranguejo-cabra Grapsus adscensionis, cavaco Scyllarides latus.

Várias espécies de tartarugas como de cetáceos também podem ser observadas nas águas circundantes destas Ilhas.

Este espaço é também um importante centro de nidificação de aves marinhas, tais como a cagarra Calonectris borealis, roque-de-castro Hydrobates castro, a alma-negra Bulweria bulwerii, e freira-do-bugio Pterodroma deserta. Todas estas aves são espécies inerentemente vulneráveis para as quais as Ilhas Desertas representam um dos últimos refúgios a nível Mundial.

Importa destacar que a Deserta Grande suporta a maior colónia de alma-negra Bulweria bulwerii do Atlântico e possivelmente do Mundo, e que a freira-do-bugio Pterodroma deserta nidifica exclusivamente no Bugio. Por conseguinte, estas ilhas desempenham um papel crucial para a conservação destas espécies.

Quanto às aves residentes – que podem ser encontradas durante todo o ano – destacam-se o corre-caminhos Anthus bertheloti madeirensis, subespécie endémica do Arquipélago da Madeira e canário-da-terra Serinus canaria canaria, subespécie endémica da Macaronésia. São observadas igualmente rapinas, a saber: francelho Falco tinnunculus canariensis, subespécie endémica da Macaronésia, manta Buteo buteo harterti e coruja-das-torres Tyto alba schmitzi, subespécies endémicas do Arquipélago da Madeira.

Outro grupo de animais de grande interesse é o dos invertebrados. No grupo dos artrópodes, salienta-se a tarântula-das-desertas Hogna ingens, um endemismo destas Ilhas. Este aracnídeo apresenta uma área de distribuição muito restrita, habitando apenas o Vale da Castanheira, no extremo norte do topo da Deserta Grande.

O conhecimento da fauna malacológica destas Ilhas é ainda pouco aprofundado. No entanto, estudos recentes confirmam a presença de cerca de 50 espécies e subespécies de moluscos terrestres para as Ilhas Desertas, 44 dos quais endémicos e alguns deles exclusivos.

A lagartixa Teira dugesii mauli é o único réptil terrestre que habita estas ilhas, sendo uma subespécie endémica das Ilhas Desertas. 

FLORA 

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Couve-da-rocha Losna   Funcho-marinho  Corriola


A sua flora é diversa, peculiar e rica em plantas específicas da Macaronésia, com exclusividades madeirenses.

A flora vascular é constituída por cerca de 200 espécies indígenas e naturalizadas, das quais 30% são endemismos da Madeira e 10% são restritas à Macaronésia.

A Deserta Grande é a ilha que contempla maior diversidade de habitats e de plantas, sendo mesmo detentora de dois endemismos exclusivos: Couve-da-rocha Sinapidendron sempervivifolium e Musschia isambertoi. Refira-se ainda a hepática Frullania sergiae que é endémica das Desertas e do Porto Santo.

Os primeiros estudos sobre a vegetação das Ilhas Desertas remontam a Lowe (1868). Este define duas zonas de vegetação. A 1ª Zona, designada por marítima, vai desde o nível do mar até aos 360 m de altitude, nas três ilhas. Esta vegetação caracteriza-se pela presença de plantas indígenas, tais como a Cenoura-da-rocha Monizia edulis, o Goivo-da-rocha Matthiola maderensis e a vaqueira Calendula maderensis. A 2ª Zona, designada por montanhosa, vai desde os 300 m até aos 480 m de altitude, na Deserta Grande e Bugio, cuja vegetação se caracteriza pela presença de plantas indígenas, tais como, Lotus argyrodes, a estreleira Argyranthemum haematomma e Trifolium angustifolium. Aplicando a estas Ilhas o estudo das comunidades vegetais e do bioclima realizado para a Ilha da Madeira (Capelo et al, 2000), as Ilhas Desertas apresentam potencialmente duas comunidades florestais, o Zambujal (Olea maderensis-Maytenetum umbellatae) e a Laurissilva do Barbusano (Semeleandrogynae-Apollonietum barbujanae). 

GEOLOGIA

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As Ilhas Desertas são de origem vulcânica, formaram-se há cerca de 3,5 milhões de anos, e fazem parte do mesmo edifício vulcânico que deu origem à Ilha da Madeira. Este facto é corroborado pela isobata dos 100 metros, que quase liga a Ponta de São Lourenço às Ilhas Desertas. Outrora formaram uma única ilha resultante de um só vulcão. Depois de cessada a actividade vulcânica, a erosão e o clima levaram à formação do seu actual aspecto.

Na sua constituição predominam as formações basálticas, os tufos e as escórias vulcânicas. O aspecto orográfico é consequência da sua constituição geológica e da permanente acção erosiva pelo vento e pelo mar.

Na Fajã da Doca existe uma pequena restinga, resultante de um deslizamento de terras em 1894, que proporciona uma excelente enseada para fundear, razão pela qual constitui o fundeadouro oficial da Reserva.