Perguntas Frequentes - Biodiversidade
O projeto Life Ilhéus do Porto Santo é um projeto cofinanciado pelo Programa Life+ Natureza e biodiversidade e pela Região Autónoma da Madeira, que decorre nos ilhéus do Porto Santo e visa a recuperação da biodiversidade daqueles ilhéus. Entre as diversas ações propostas destacam-se o controlo das espécies de flora e fauna invasoras e a criação de condições de visitação no ilhéu de Cima. O projeto pode ser virtualmente visitado www.lifeportosanto.com
De todos os seis ilhéus que constituem a área do projeto Life Ilhéus do Porto Santo, é o Ilhéu de Cima, que melhores condições de acesso e de desembarque apresenta. Este ilhéu também conhecido como ilhéu do Farol ou ilhéu dos Dragoeiros pertence à Rede de Áreas Marinhas Protegidas do Porto Santo, a mais recente reserva natural do país, criada em 2008. Pode ser visitado durante todo o ano. A visita é apenas condicionada pelas condições do mar dado que o desembarque terá que ser sempre efetuado em segurança. A duração da visita é de cerca de 3 horas (a contar da partida da marina do Porto Santo) e a distância a percorrer no ilhéu à volta de 1500 metros (incluindo a subida até ao topo). O clima é caraterizado pela temperatura amena durante todo o ano, sendo no entanto uma zona muito exposta ao vento. O acesso ao ilhéu de Cima é efetuado por mar, sendo devidamente autorizado e credenciado pelo IFCN de acordo com a legislação em vigor da área protegida. Para marcações de visitas deverá ser contatado o Centro de Informação do Núcleo dos Dragoeiros das Neves (291 795 155 - ).
Não se esqueça de levar calçado apropriado antiderrapante e o fato de banho pois o tempo poderá permitir um mergulho nas águas límpidas desta reserva natural. Aconselhamos ainda um picnic no cais de desembarque.
O mais sensato é manter a distância e evitar perturbá-lo. No mar, deve-se procurar sair calmamente da água. O lobo-marinho não é um animal agressivo mas é um animal selvagem, de grande porte e pode ser bastante curioso procurando interagir com o homem. E esta interação deve ser evitada ao máximo pois poderá conduzir a acidentes.
Sim é. A reunião dos registos de observações de lobos-marinhos no mar da Madeira permite ter uma ideia da área de distribuição dos animais, conhecer melhor o seu comportamento e em algumas situações identificar os lobos-marinhos observados, permitindo assim o seu acompanhamento individual. Esta informação é muito útil para a definição das estratégias de conservação da espécie.
Por isso é importante quando se observar um lobo-marinho registar a data, a hora e o local da observação, bem como descrever as características do lobo-marinho e do seu comportamento. Se for possível a recolha de imagens, estas devem também ser encaminhadas para o IFCN ), pois são o melhor meio para ajudar na identificação dos lobos-marinhos.
O registo poderá ser encaminhado através da ficha.
Esta é uma forma de colaborar na conservação desta espécie ameaçada.
Sim o lobo-marinho é uma foca, também conhecido por foca-monge do Mediterrâneo.
Lobo-marinho foi a denominação dada na Madeira quando estas focas foram observadas pela primeira vez, pelos portugueses, em 1419.
Os focídeos, juntamente com os otariídeos e os odobenídeos, são as três famílias da ordem dos Pinípedes – animais com pés (no latim pedes) em forma de barbatana (no latim pinnae).
As focas, caraterizam-se por não terem pavilhão auditivo e por terem os membros posteriores direcionados para trás. Já as otárias apresentam pavilhão auditivo e os membros posteriores estão dirigidos para a frente possibilitando um bom deslocamento em terra, tal como acontece com os leões-marinhos, frequentemente confundidos com os lobos-marinhos.
As morsas, a única espécie da família odobeniidae, não apresentam pavilhão auditivo, têm os membros posteriores dirigidos para a frente e são os únicos pinípedes que têm presas.
A aplicação destas medidas não é consensual entre a comunidade científica, por serem medidas intrusivas aplicadas numa espécie ameaçada. Para além disso, não existem quaisquer estudos que permitam avaliar a viabilidade destas operações, como por exemplo identificar uma população “dadora” que não seja afetada negativamente com a retirada de animais, e identificar uma população “recetora” onde os indivíduos introduzidos tenham uma boa integração social e ambiental.
No caso da reprodução em cativeiro, acresce ainda o facto da grande maioria dos lobos-marinhos que passaram pelo cativeiro, no passado, não terem sobrevivido mais do que alguns meses.
A aplicação destas técnicas deverá envolver primeiro, entre a comunidade científica, um debate transparente e ausente de quaisquer outros interesses que não a conservação do lobo-marinho, para avaliar a real necessidade e eficácia desta medida para a conservação desta espécie.
A avifauna da Região Autónoma é bastante rica em endemismos, quer a nível de espécies, quer a nível de subespécies, dividindo-se em endemismos macaronésicos e endemismos do Arquipélago da Madeira, num total de 23 espécies:
Espécies endémicas do Arquipélago da Madeira – 4
- Freira-do-bugio (Pterodroma deserta);
- Freira-da-madeira (Pterodroma madeira);
- Pombo-trocaz (Columba trocaz);
- Bis-bis (Regulus madeirensis);
Subespécies endémicas do Arquipélago da Madeira – 6
- Manta (Buteo buteo harterti);
- Coruja (Tyto alba schmitzi);
- Lavandeira (Motacilla cinérea schmitzi);
- Corre-caminhos (Anthus bertheloti madeirensis);
- Tentilhão (Fringilla coelebs madeirensis);
- Pintarroxo (Carduelis cannabina guentheri);
Espécies endémicas da Macaronésia – 1
- Andorinha-da-serra (Apus unicolor)
Subespécies endémicas da Macaronésia – 12
- Pintainho (Puffinus assimilis baroli);
- Calcamar (Pelagodroma marina hypoleuca);
- Codorniz (Coturnix coturnix confisa);
- Francelho (Falco tinnunculus canariensis);
- Fura-bardos (Accipiter nisus granti);
- Gaivota-de-patas-amarelas (Larus michahellis atlantis);
- Pombo-da-rocha (Columba livia atlantis);
- Toutinegra (Sylvia atricapila heinecken);
- Cigarrinho (Sylvia conspicillata orbitalis);
- Melro-preto (Turdus merula cabrerae);
- Pardal-da-terra (Petronia petronia madeirensis);
- Canário-da-terra (Serinus serinus canaria);
As áreas atualmente existentes na RAM com interesse para a avifauna, nomeadamente ZPE’s (zonas definidas com base na Diretiva Aves da Comunidade Europeia) e IBA’s (áreas importantes para as aves, de acordo com critérios da BirdLife International) são as seguintes:
ZPE’s - 5:
- Ilhas Desertas;
- Ilhas Selvagens;
- Maciço Montanhoso Oriental da Ilha da Madeira;
- Laurissilva da Madeira;
- Ponta de São Lourenço
IBA’s - 8:
- Ponta do Pargo;
- Laurissilva;
- Maciço Montanhoso Oriental da Ilha da Madeira;
- Ponta de São Lourenço;
- Porto Santo Oeste;
- Ilhéus do Porto Santo;
- Ilhas Desertas;
- Ilhas Selvagens;
A partir do mês de Abril, a freira-da-madeira inicia as visitas às suas áreas de nidificação. Contudo só regressa a terra ao pôr-do-sol, pelo que durante o dia não será possível observa-la no Pico do Areeiro em voo. Se não houver luar, na chegada à colónia as aves emitem chamamentos conspícuos tornando-se silenciosas com o luar. A saída das aves dos ninhos para o mar efetua-se antes do nascer-do-sol e as aves deslocam-se silenciosamente para não serem detetadas.
As visitas às áreas de nidificação carecem de autorização do IFCN.
Contudo é concedida autorização a empresas de animação turística, possibilitando o usufruto de uma visita noturna ao local de reprodução desta ave, permitindo a audição das vocalizações que estas aves utilizam para comunicar entre si.
Contacte o Instituto das Florestas e Conservação da Natureza.
O IFCN efetuará uma visita ao terreno, em data a combinar, para perceber quais dos métodos disponíveis para apoio (máquina espanta-pássaros a gás, fita holográfica ou rede de exclusão) é o mais adequado para o seu caso.
O pombo-trocaz Columba trocaz é uma espécie endémica da Ilha da Madeira. Quer isto dizer que é uma espécie que ocorre exclusivamente nesta ilha e em mais nenhuma outra parte do Mundo (não confundir com pombo-torcaz Columba palumbus, que é uma espécie cosmopolita que ocorre por toda a Europa). Por este fator é uma espécie que apresentará sempre um determinado grau de ameaça, dado que tem ocorrência muito limitada.
No entanto, atualmente esta espécie integra o grupo de espécie Não Ameaçadas (IUCN, 2012), por apresentar uma tendência populacional positiva, com efetivo superior a 10000 indivíduos (SPNM,2012), e pelo facto do seu habitat preferencial (A Laurissilva) se apresentar efetivamente protegido e em bom estado de conservação.
Esta espécie é também extremamente importante para a conservação e expansão da floresta Laurissilva. Estudos da dieta demonstraram que a passagem das sementes das principais árvores desta floresta pelo trato digestivo do pombo-trocaz potencia a sua germinação, tendo esta ave um papel igualmente preponderante na disseminação das mesmas por áreas limítrofes da floresta, o que obviamente potencia a sua expansão.
São plantas não indígenas (exóticas) que se expandem naturalmente (sem a ação direta do homem) em habitats naturais e seminaturais conduzindo a uma alteração significativa da composição ou das estruturas dos ecossistemas. “Cronk & Fuller (1995).
Não. Existem muitas plantas não indígenas que não apresentam comportamento invasor. São invasoras apenas aquelas que depois de estabelecidas se reproduzem e ocupam o território de uma forma excessiva, em área e em número de indivíduos, provocando desta forma alterações significativas nos ecossistemas naturais.
A resposta à questão não é fácil nem exata como à partida poderíamos esperar. Temos em primeiro lugar que esclarecer alguns pressupostos segundo os quais se baseia a resposta:
1.º O cogumelo consiste geralmente no corpo frutífero de um fungo visível macroscopicamente, enquanto que o indivíduo completo é formado ainda pelo micélio e por outras formas ou elementos diversos, aéreos e subterrâneos, que se formam durante o ciclo de vida do fungo (Calonge & Sequeira, 2010);
2.º Os taxa corresponde ao conjunto das espécies e subespécies.
Assim, de acordo com a literatura científica publicada, existem no arquipélago da Madeira cerca de 743 taxa de fungos, distribuídos pelas ilhas da seguinte forma: 738 na Madeira, 14 no Porto Santo, 4 para as Desertas e 3 para as Selvagens (Irene Melo & José Cardoso, 2008).
De acordo com Diego Calonge e Miguel Sequeira (2010) no livro “Cogumelos da Madeira - Guia para a identificação das espécies mais frequentes”, estão identificadas numerosas espécies comestíveis, de diferentes tipos, nomeadamente:
- Agaricus arvenses;
- Agaricus augustus;
- Agaricus campestres;
- Agaricus sylvaticus;
- Agaricus sylvicola;
- Agrocybe praecox;
- Albatrellus pes-caprae;
- Aleuria aurantia;
- Auricularia auricula-judae;
- Boletus edulis;
- Boletus aereus Bull.;
- Boletus aestivalis (Paulet) MFr. (= Boletus reticulatus Schaeff.);
- Boletus pinophilus Pilát & Dermek;
- Boletus erytropus;
- Cantharellus cibarius;
- Clitocybe nebularis;
- Coprinus comatus;
- Fistulina hepática;
- Hygrophoropsis aurantiaca;
- Lactarius deliciosus;
- Lepista nuda;
- Leucopaxillus giganteus;
- Lyophyllum decastes;
- Pluteus cervinus;
- Stropharia aurantiaca;
- Stropharia rugosoannula Farl.: Murrill;
- Tricholoma portentosum; etc.
Segundo Diego Calonge e Miguel Sequeira (2010), na Madeira existem muitas espécies de cogumelos que se podem considerar venenosas, as quais se diferenciam também quanto ao tipo de envenenamento produzido: de período de incubação curto, com sintomas até meia hora após a ingestão; de período de incubação longo, com manifestação de sintomas com mais de seis horas após a ingestão; com outros tipos e sintomas, tais como alérgicos (Mycena pura), com sintomatologia coprínica, i.e. ocorre quando a ingestão destes cogumelos é simultânea com bebidas alcoólicas, causando distúrbios intestinais [Coprinus atramentarius (Bull.) Fr., Cuprinus romagnesianus]; ou de tipo resinoide originando diarreias [Paxillus involutus (Batsch) Fr., etc.].
Nas intoxicações com período de incubação curto, em que ocorre o aparecimento de sintomas após a ingestão, o tratamento é geralmente sintomático, fácil de aplicar e eficaz; o paciente recupera com rapidez sem maiores complicações.
Pelo contrário, quando os sintomas aparecem tardiamente, isto é, mais de seis horas após a ingestão, o tratamento pode complicar-se. No entanto se o paciente receber rapidamente tratamento médico, geralmente é possível a sua recuperação.
Assim exemplos de cogumelos venenosos de período de incubação curto existentes na Madeira temos as espécies:
- Amanita gemmata;
- Amanita muscaria;
- Amanita rubescens;
- Clitocybe dealbata (Sowerby) Gillet;
- Clitocybe phyllophila;
- Clitocybe phaeophtalma;
- Clitocybe vibecina;
- Inocybe spp (quase todas as espécies deste género);
- Helvella spp (se consumidos crus);
- Russula spp (todas as que apresentem carne de sabor picante); etc.
Exemplos de cogumelos venenosos potencialmente mortais, presentes na Madeira e que apresentam um período de incubação longo, são três espécies:
- Galerina marginata (é a mais perigosa, pois o veneno não é destruído pelo calor durante a cocção culinária, provocando a destruição do fígado do paciente);
- Gyromitra esculenta;
- Gyromitra infula (nestas duas espécies do género Gyromitra, o veneno ataca o fígado se consumidas cruas, mas desaparece no processo de secagem e no aquecimento durante a cocção).
Se não conhecer o cogumelo com toda a certeza e segurança não o coma!
A Madeira é um notável centro de biodiversidade, faz parte do hotspot de biodiversidade mediterrânico e integra a região biogeográfica denominada Macaronésia, que compreende igualmente os arquipélagos dos Açores, Canárias e Cabo Verde. Num território com cerca de 828 km2, aproximadamente 1% da superfície de Portugal, estão referenciadas atualmente 7571 espécies e subespécies, das quais 1419 (19%) são endémicas com 1286 espécies e 182 subespécies. O filo animal é o mais diverso correspondendo a 58% da biodiversidade terrestre, ficando os restantes 42% para as plantas e os fungos.