Espécies terrestres:

Borges et al. (2008)*, elenca 7543 táxones terrestres (espécies e subespécies) para os arquipélagos da Madeira e Selvagens.
No que concerne aos vertebrados (Chordata) e falando em ecossistemas insulares, o número de taxa representativo é relativamente pequeno em relação à proporção de endemismos. Assim, ocorrem apenas quatro classes de vertebrados terrestres nativos: peixes de água-doce (Actinopterygii); répteis (Reptilia); aves e mamíferos (Mammalia).

Com base nas publicações e estudos recentes, são cerca de 61 espécies e subespécies de vertebrados presentes nos arquipélagos da Madeira e Selvagens. Destes, o grupo maior pertence às aves.
Nas aves destacamos espécies endémicas do arquipélago, como o pombo-trocaz (Columba trocaz), ave exclusiva da floresta Laurissilva e o bis-bis (Regulus madeirensis), e as subespécies o corre-caminhos (Anthus berthelotii berthelotii), a coruja  (Tyto alba schmit), a lavandeira (Motacilla cinerea schmitzi), a manta (Buteo buteo harterti), o pintarroxo (Carduelis cannabina guentheri) e o tentilhão (Fringilla coelebs maderensis).

Ao nível dos répteis no arquipélago da Madeira, a lagartixa (Teira dugesii) é uma espécie conhecida da população em geral e é considerada emblemática. Já está diferenciada ao nível de subespécie endémica para a Madeira, o Porto Santo, as Desertas e as Selvagens. Para além da lagartixa existe a osga-das-selvagens (Tarentola boettgeri bischoffi) que tal como o nome comum indica, a subespécie ocorre exclusivamente no arquipélago das Selvagens. Duas espécies de osgas foram introduzidas na ilha da Madeira (Tarentola mauritanica)*** e Hemidactylus maboui***, com origem provável da península ibérica.

Os morcegos são animais mamíferos que pertencem à ordem Chiroptera e que têm as estruturas superiores em forma de membrana o que lhes permite voar! Baseado em referências de espécimes capturados nos séculos XIX e XX e revisões bibliográficas estavam referenciados para a quiropterofauna do arquipélago da Madeira, 5 espécies de morcegos, contudo no momento os dados diferem tanto no número como em relação às espécies***. Assim, as referências atuais descrevem estas espécies: Pipistrellus maderensis endémico da Macaronésia MAC***; Nyctalus leisleri  verrucosus endémico da Madeira ***; Plecotus austriacus e Hypsugo savii! As três primeiras espécies já foram capturadas na Madeira ao invés do morcego (H. savii) que apesar de pertencer à lista de quiropteros, a sua presença não foi registada podendo mesmo ser duvidosa. O morcego-rabudo europeu (Tadarida teniotis) está referenciado para a Madeira, no entanto o único exemplar colhido encontra-se no British Museum.

A maioria das espécies animais da região é representada por organismos invertebrados, particularmente as aranhas, os insetos, os crustáceos, os ácaros, os miriápodes, todos eles artrópodes e que em termos de biodiversidade são o grupo mais bem representado. Este grupo tem como características principais, a presença de um exosqueleto rígido e muitos apêndices articulados.
No arquipélago da Madeira e das Selvagens são aproximadamente 4000** espécies e subespécies de artrópodes presentes, sendo a maioria, exclusivas do arquipélago! Estas ilhas são verdadeiros hotspots de espécies endémicas.

Os aracnídeos, como as aranhas e os ácaros, contam cerca de 300 espécies, enquanto os miriápodes (centopeias) e os crustáceos terrestres (bichos-de-conta) andam à volta de 150 espécies.
Dentro das aranhas e porque para muitas pessoas há sempre muita curiosidade e por vezes fobia, há que destacar a famosa tarântula-das-desertas (Hogna ingens), emblemática pela dimensão do seu corpo que habita o Vale da Castanheira, mas também a tarântula do Porto Santo (Hogna schmitzi) que ocorre na ilha e nos seus ilhéus circundantes. Existem no entanto mais 5 espécies de tarântulas endémicas no arquipélago.

Os insetos são o grupo animal com maior representatividade no arquipélago da Madeira, ultrapassando o número de 3000 espécies. Vários grupos de insetos como as libélulas e libelinhas (Odonata), as baratas e térmitas (Dictyoptera), os grilhos e gafanhotos (Orthoptera) e as pulgas (Siphonaptera) estão representados por um reduzido número de espécies. Por outro lado, há alguns grupos de insetos que contam várias centenas de espécies, destacando-se entre eles os escaravelhos (Coleoptera), as moscas e mosquitos (Diptera) e as formigas, abelhas e vespas (Hymenoptera)**.

Todos os gorgulhos do género Laparocerus são endémicos do arquipélago! São no total 32 espécies! De facto muitos dados há a ressalvar em relação a este grupo tão vasto como os artrópodes. Facto curioso também é que em toda a Península Ibérica existem apenas 2 espécies do género Tarphius e na Madeira existem 22 espécies!

Os ecossistemas terrestres suportam um grande número de espécies e uma enorme biomassa de artrópodes. Muitos dos papéis ecológicos que desempenham são únicos e insubstituíveis.
Os moluscos, onde se incluem os caracóis e as lesmas são também outro grupo de invertebrados com uma grande representatividade nas diferentes ilhas do arquipélago. As características deste grupo de animais e que são por todos nós conhecidas, prende-se no facto de terem o corpo mole e muitas vezes possuírem uma concha.

A malacofauna dos arquipélagos da Madeira e Selvagens, que se encontra catalogada como vulnerável, contribui com 56 taxa para o livro vermelho de espécies ameaçadas (Teixeira, S. et al. 2008***). A ação antropogénica direta ou indireta teve consequências catastróficas, uma vez que das 14 espécies de moluscos terrestres extintas nos últimos 300.000 anos, 9 desapareceram após a colonização humana da ilha da Madeira (Cook et al. 1993****).

No caso concreto dos gastrópodes, apresentam uma biodiversidade notável, onde é conhecida a ocorrência de 254 espécies e subespécies, sendo a maioria delas (cerca de 67%), exclusiva do arquipélago da Madeira**. Estes valores são dos mais elevados entre os arquipélagos oceânicos a nível mundial e de facto apenas as ilhas do Havai superam este número de endemismos.

Citações:
*Borges PAV, Abreu C, Aguiar AMF, Carvalho P, Jardim R, Melo I, Oliveira P, Sérgio C, Serrano ARM and Vieira P (Eds.) 2008. A list of the terrestrial fungi, flora and fauna of Madeira and Selvagens archipelagos. Direcção Regional do Ambiente da Madeira and Universidade dos Açores, Funchal and Angra do Heroísmo. 438 pp.
**Boeiro et al (2013) Madeira, a pérola da Biodiversidade: valorização dos habitats naturais e dos endemismos do arquipélago
***Teixeira, S. (2008). Chordata – Chiroptera (Vespertilionidae, Molossidae). In: Borges, P.A.V., Abreu, C., Aguiar, A.M.F., Carvalho, P., Jardim, R., Melo, I., Oliveira, P., Sérgio, C., Serrano, A.R.M. & Vieira, P. (eds.). A list of the terrestrial fungi, flora and fauna of Madeira and selvagens archipelagos. pp. 366 – 368, Direcção Regional do Ambiente da Madeira and Universidade dos Açores, Funchal and Angra do Heroísmo.
**** Cook LM, Goodfriend GA and Cameron RAD 1993. Changes in the land snail fauna of eastern Madeira during the Quaternary. Philosophical Transactions of the Royal Society of London, B. 339, 83 -103.

 

Espécies marinhas:

O sistema litoral da Região Autónoma da Madeira é constituído por uma costa rochosa bastante exposta ao hidrodinamismo marinho. Ao longo da costa existem inúmeras grutas, algumas das quais com entrada submersa, e pequenas praias de calhau rolado.

A fauna marinha é semelhante em todo o arquipélago, possui afinidades marcadamente europeias e mediterrânicas, sobretudo ao nível de grupos como os peixes e os crustáceos do litoral.
Nas zonas rochosas a seguir ao domínio terrestre, no nível supra litoral encontram-se povoamentos de litorinas (Littorina striata), povoamentos de lapas (Patella pipperata), (Patella áspera) e (Patella candei) e caramujos, sendo o caranguejo-vermelho (Grapsus grapsos), também uma presença habitual bem como o caranguejo-cabra (Grapsus adscensionis).

No médio litoral existe uma diversidade mais elevada de espécies de fauna. Neste nível, encontram-se vários enclaves onde se encontram algumas espécies típicas do andar infralitoral como é o caso das anémonas, das esponjas, dos equinodermes (Paracentrotus lividus) e (Arbacia lixula), e do camarão-das-poças (Palaemon elegans). As reentrâncias rochosas, que se mantêm mais húmidas e escuras, são o habitat preferencial de algumas espécies de crustáceos (Pachygrapsus spp.) e (Eriphia verrucosa), gastrópodes (Monodonta spp.) e (Gibbula spp.).

No infralitoral o número de organismos aumenta, passando a existir uma fauna mais diversificada que inclui crustáceos anfípodes, isópodes e decápodes, sipunculídeos, anelídeos poliquetas e moluscos gastrópodes que vivem entre as algas e na massa sedimentar retida por estas.

Em relação aos peixes, destacamos o sargo (Diplodus sargus), as castanhetas (Chromis limbata) e  (Abudefduf luridus) e o bodião (Sparisoma cretense). Outros peixes de dimensões maiores marcam também a sua presença: o mero (Epinephelus marginatus) é muito conhecido por ser amistoso despertando a curiosidade dos mergulhadores e o badejo (Mycteroperca fusca).

Nas águas do Arquipélago é possível observar também as tartarugas. A nível mundial existem 7 espécies de tartarugas marinhas. Destas, cinco espécies ocorrem na Madeira: uma na família Dermochelydae Dermochelys coriacea e quatro na família Cheloniidae Caretta caretta, Lepidochelys kempii, Eretmochelys imbricata, Chelonia mydas. Nenhuma destas espécies reproduz-se em território nacional. Assim, somente a tartaruga-comum (Caretta caretta) é considerada uma espécie visitante na Madeira segundo os critérios da UICN, as demais sendo ocasionais, ou seja pouco ou muito pouco frequentes. As praias de nidificação que contribuem para as tartarugas encontradas ao largo da Madeira situam-se nos EUA (Flórida e Carolinas), muito provavelmente em Cabo Verde e possivelmente um pequeno contributo do Mar Mediterrâneo. Após a eclosão dos ovos, os juvenis dirigem-se para o alto mar, permanecendo longe das costas os primeiros 6 a 9 anos da sua vida.

Outras espécies emblemáticas que podemos observar nas águas da Madeira são os Cetáceos, o golfinho-roaz (Tursiops truncatus), a baleia-piloto-tropical (Globicephala macrorhynchus) o golfinho-comum  (Delphinus delphis) e o golfinho-malhado-do-atlântico (Stenella frontalis) fazem parte de populações pelágicas que têm grandes áreas de distribuição no oceano Atlântico. Nestes grupos associados às ilhas que utilizam as águas do arquipélago incluem-se outras espécies como a baleia-de-bico-de-blainville, Mesoplodon densirostris, o Zífio Ziphius cavirostris  e o cachalote pigmeu (Kogia breviceps).

A foca-monge do Mediterrâneo ou lobo-marinho, Monachus monachus, como é conhecida no arquipélago da Madeira, é a foca mais rara do mundo e uma espécie considerada em perigo crítico pela União Internacional para a Conservação da natureza (IUCN). Em Portugal, ocorre unicamente no arquipélago da Madeira, mais especificamente nas Ilhas Desertas e ilha da Madeira. Esta espécie conta atualmente com uma população estimada em 25 a 35 indivíduos que continua uma tendência positiva e a alargar a sua área de distribuição.

Em relação às aves marinhas, a Região Autónoma da Madeira reveste-se de particular importância: espécies como o garajau-comum (Sterna hirundo) ou a gaivota-de-patas-amarelas (Larus michahellis atlantis) distribuem-se por todas as ilhas da Região em colónias de pequena dimensão. Na ilha da Madeira nidifica a única colónia mundial de freira-da-madeira Pterodroma madeira, espécie classificada como “Em Perigo” e já considerada extinta no passado, até ser redescoberta em finais da década de 1960. A maior colónia de patagarro (Puffinus puffinus) de Portugal e da Macaronésia localiza-se também nesta ilha, estando estimada em algumas centenas de casais (Ramírez et al., 2008). Na ilha do Porto Santo e ilhéus adjacentes existem pequenas populações de cagarra (Calonectris diomedea borealis), roque-de-castro (Oceanodroma castro), alma-negra (Bulweria bulwerii) e pintainho (Puffinus assimilis) (Ramírez et al., 2008). As Ilhas Desertas e as Ilhas Selvagens reúnem as maiores colónias de aves marinhas. Nas Ilhas Desertas nidifica a ave endémica freira-do-bugio Pterodroma deserta e a maior população de alma-negra (Bulweria bulwerii) de todo o Atlântico, bem como importantes populações europeias e atlânticas de cagarra (Calonectris diomedea borealis), pintainho (Puffinus assimilis) e roque-de-castro (Oceanodroma castro).

Nas Ilhas Selvagens, no extremo Sul da Região, nidifica a maior colónia de cagarra (Calonectris diomedea borealis) a nível mundial, bem como as maiores colónias de calcamar (Pelagodroma marina) e de pintainho (Puffinus assimilis) de todo o Atlântico Norte, e ainda um número muito significativo a nível europeu de roque-de-castro (Oceanodroma castro) e alma-negra (Bulweria bulwerii). Para além da nidificação esporádica de garajau-rosado (Sterna dougalli) e de garajau-preto (Sterna fuscata) na Selvagem Pequena, foram recentemente detetadas evidências de nidificação de painho-de-swinhoe (Oceanodroma monorhis) na Selvagem Grande.*****

Citações:
***** SRA (2014). Estratégia Marinha para a subdivisão da Madeira. Diretiva Quadro Estratégia Marinha. Secretaria Regional do Ambiente e dos Recursos Naturais. Junho de 2014.


http://www.museudabaleia.org/images/mardamadeiraumoasisaconservarpt.pdf

 

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FAUNA fauna1 fauna3
Alma-negra Cagarra Borboleta

A diversidade biológica existente no arquipélago da Madeira constitui um património de elevado valor, com grande interesse científico e com relevada importância do ponto de vista da conservação, devido à existência de numerosas espécies endémicas de fauna e de flora.

    GERAL

    LAURISSILVA

    MACIÇO MONTANHOSO

    PONTA DE SÃO LOURENÇO

    RNP GARAJAU

    RN ROCHA DO NAVIO

    ILHAS DESERTAS

    ILHAS SELVAGENS

    PORTO SANTO - ILHEUS

 

 

AVIFAUNA

A avifauna da Laurissilva, tal como as comunidades de aves de ilhas, apresenta um reduzido número de espécies e uma elevada taxa de endemismos. Nas zonas mais interiores da floresta e em melhor estado de conservação são observadas, regularmente, cerca de sete espécies de aves. O destaque obrigatório é o emblemático pombo-trocaz (Columba trocaz) que a par do bis-bis (Regulus maderensis), são as únicas espécies endémicas neste ecossistema. O primeiro é considerado um dos exemplares mais antigos da avifauna Macaronésica. Tem uma dieta seletiva e parcialmente dependente dos frutos de diversas espécies de árvores, com particular relevo para o Til, sendo considerado o semeador das árvores da Laurissilva. O bis-bis é uma ave de pequeno porte, a mais pequena da avifauna madeirense, alimenta-se de insetos, o que seguramente lhe confere uma importância elevada ao nível do equilíbrio dos ecossistemas. O tentilhão (Fringilla coelebs), subespécie endémica da ilha da Madeira apresenta um elevado nível de adaptação ao habitat insular. Este facto, aliado às diferenças morfológicas evidenciadas em relação às populações que ocorrem no Continente Europeu, pressupõe que a data da sua chegada à ilha remonta a tempos bastante longínquos.

Outras aves que ocorrem com alguma frequência são o melro-preto (Turdus merula), o papinho (Erithacus rubecula), a lavandeira (Motacilla cinerea schmitzi), e as duas rapinas, a manta (Buteo buteo) e o francelho (Falco tinnunculus). Nas zonas mais altas da Laurissilva, onde as árvores de grande porte começam a dar lugar aos urzais, ocorre ainda a galinhola (Scolopax rusticola), muito discreta e normalmente passa despercebida aos visitantes.

Nos limites inferiores da Laurissilva, na interface com as zonas agrícolas ou com a floresta exótica, surgem várias outras espécies de aves, sendo comum encontrar, além de muitas das que atrás foram referidas, a toutinegra (Sylvia atricapilla), o canário (Serinus canarius) e o pintassilgo (Carduelis chloris). O discreto fura-bardos (Accipiter nisus) é a terceira rapina diurna do arquipélago e é nestas zonas que mais facilmente pode ser encontrado. Depois do pôr-do-sol surge a coruja-das-torres (Tyto alba), outra subespécie endémica do arquipélago.

RÉPTEIS

Alguns dos vertebrados endémicos presentes na Laurissilva são vulgares, outros raros e enigmáticos. Nos locais mais soalheiros e durante o dia, a comum lagartixa (Teira dugesii) surge de forma ativa e ágil, à procura do calor do sol. É o único réptil nativo da ilha da Madeira que, embora predomine nas zonas costeiras, também habita a floresta.

MAMÍFEROS

À noite, os morcegos com os seus gestos peculiares e sons estranhos desenvolvem a sua atividade, revelando interesse biológico e ecológico. Estes pouco comuns elementos da mamofauna madeirense pertencem ao grupo dos quirópteros. Estão descritas cinco espécies, das quais apenas três confirmadas, uma endémica o pipistrelo-da-madeira (Pipistrellus maderensis), uma subespécie endémica o morcego-arborícola-da-madeira (Nyctalus leisleri verrucosus) e o morcego-orelhudo-cinzento (Plecotus austriacus) que, embora não sendo um endemismo, é igualmente fascinante.

INVERTEBRADOS

Os invertebrados são muito mais discretos mas igualmente mais numerosos e com taxas de endemismo mais elevadas. Na Laurissilva existem mais de 500 espécies endémicas de invertebrados, distribuídas pelos moluscos, aracnídeos e insetos. Estes últimos, tanto pela sua abundância como diversidade, são o grupo mais representativo (cerca de 20% das quase 3000 espécies de insetos são endémicas).

Um olhar atento debaixo das pedras, das cascas das árvores e dos musgos, por entre as rochas, na terra sob as folhagens permite observar a labuta da fauna malacológica, conhecida vulgarmente por caracóis. Na floresta Laurissilva existem aproximadamente 46 espécies de caracóis, dos quais 29 são endemismos madeirenses. Nos locais mais húmidos, sobre as pedras dos ribeiros e dos regatos é comum a presença da peculiar lesma endémica.

Grupos de animais, tais como os invertebrados, são aparentemente mais discretos mas muito mais numerosos. Na Laurissilva existem mais de 500 espécies endémicas de invertebrados, distribuídas pelos moluscos, aracnídeos e insetos.

O isolamento geográfico, assim como a ocorrência de uma grande diferença altitudinal e diversidade de habitats nos Arquipélagos Macaronésicos, possibilitam que nas suas ilhas se desenvolvam insetos com formas muito particulares, como a redução ou atrofiamento das asas e a alteração do tamanho corporal, bem visível nalguns coleópteros, dando origem a numerosos endemismos. Tal facto, é bem evidente nos artrópodes terrestres da Ilha da Madeira, onde cerca de 20% das quase 3000 espécies de insetos são endémicas.

Os insetos, tanto pela sua abundância como diversidade, são o grupo mais representativo. Para além da sua riqueza biológica, têm um papel fundamental ao nível das cadeias tróficas.

Os coleópteros apresentam uma grande diversidade, com cerca de 800 espécies, sendo os carabídeos os mais representativos na Laurissilva seguido dos estafilinídeos com, aproximadamente, 210 espécies das quais 50 são endémicas. Estes constituem fiáveis bioindicadores do estado de conservação da floresta e diversas formas ilustram bem a diversidade de processos evolutivos que ocorreram nas ilhas. Por exemplo o género Trechus sofreu irradiação adaptativa, apresentando grande número de espécies endémicas na Ilha da Madeira, algumas associadas à Laurissilva.
Nos cursos de água da floresta podemos encontrar uma elevada biodiversidade de invertebrados específicos. Os macroinvertebrados aquáticos são compostos maioritariamente por insetos, sendo os dípteros, o grupo mais representativo, correspondendo a 56% desta fauna.

Um olhar atento debaixo das pedras, das cascas das árvores e dos musgos, por entre as rochas, na terra sob as folhagens permite observar a labuta da fauna malacológica, conhecida vulgarmente por caracóis. Na floresta Laurissilva existem aproximadamente 46 espécies de moluscos terrestres, dos quais 29 são endemismos Madeirenses. Nos locais mais húmidos, sobre as pedras dos ribeiros e dos regatos é comum a presença da peculiar semi-lesma endémica (Plutonia ruivensis (Bank et al., 2002). As semi-lesmas caracterizam-se por possuírem uma concha interna de reduzida dimensão, a qual se encontra geralmente coberta pelo manto e que não permite que o animal se recolha no seu interior. O manto tem um papel preponderante na proteção do animal que, perante a ação de um predador, utiliza-o como mecanismo de proteção.

Citações:
•    Bank RA, Groh K and Ripken TE 2002. Catalogue and Bibliography of the non-marine Mollusca of Macaronesia. In Falkner, M Grah, K. & Speight, MCD (eds) Collecteana Malacologica: 89-235.

 

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LAURISSILVA LAURISSILVA2 LAURISSILVA3
Pombo-trocaz Tentilhão Semi-Lesma

A Laurissilva da Madeira é uma formação florestal que apresenta uma grande diversidade biológica, com uma elevada percentagem de espécies exclusivas da Macaronésia e da Madeira.

AVIFAUNA:

A avifauna da Laurissilva, tal como as comunidades de aves de ilhas, apresenta um reduzido número de espécies e uma elevada taxa de endemismos. Nas zonas mais interiores da floresta e em melhor estado de conservação são observadas, regularmente, cerca de sete espécies de aves. O destaque obrigatório é o emblemático pombo-trocaz (Columba trocaz) que a par do bis-bis (Regulus maderensis), são as únicas espécies endémicas neste ecossistema. O primeiro é considerado um dos exemplares mais antigos da avifauna Macaronésica. Tem uma dieta seletiva e parcialmente dependente dos frutos de diversas espécies de árvores, com particular relevo para o Til, sendo considerado o semeador das árvores da Laurissilva. O bis-bis é uma ave de pequeno porte, a mais pequena da avifauna madeirense, alimenta-se de insetos, o que seguramente lhe confere uma importância elevada ao nível do equilíbrio dos ecossistemas. O tentilhão (Fringilla coelebs), subespécie endémica da ilha da Madeira apresenta um elevado nível de adaptação ao habitat insular. Este facto, aliado às diferenças morfológicas evidenciadas em relação às populações que ocorrem no Continente Europeu, pressupõe que a data da sua chegada à ilha remonta a tempos bastante longínquos.

Outras aves que ocorrem com alguma frequência são o melro-preto (Turdus merula), o papinho (Erithacus rubecula), a lavandeira (Motacilla cinerea schmitzi), e as duas rapinas, a manta (Buteo buteo) e o francelho (Falco tinnunculus). Nas zonas mais altas da Laurissilva, onde as árvores de grande porte começam a dar lugar aos urzais, ocorre ainda a galinhola (Scolopax rusticola), muito discreta e normalmente passa despercebida aos visitantes.

Nos limites inferiores da Laurissilva, na interface com as zonas agrícolas ou com a floresta exótica, surgem várias outras espécies de aves, sendo comum encontrar, além de muitas das que atrás foram referidas, a toutinegra (Sylvia atricapilla), o canário (Serinus canarius) e o pintassilgo (Carduelis chloris). O discreto fura-bardos (Accipiter nisus) Projeto Fura-bardos é a terceira rapina diurna do arquipélago e é nestas zonas que mais facilmente pode ser encontrado. Depois do pôr-do-sol surge a coruja-das-torres (Tyto alba), outra subespécie endémica do arquipélago.

Para mais informação sobre as aves nidificantes consulte o atlas das aves nidificantes.

RÉPTEIS:

Alguns dos vertebrados endémicos presentes na Laurissilva são vulgares, outros raros e enigmáticos. Nos locais mais soalheiros e durante o dia, a comum lagartixa (Teira dugesii) surge de forma ativa e ágil, à procura do calor do sol. É o único réptil nativo da ilha da Madeira que, embora predomine nas zonas costeiras, também habita a floresta.

MAMÍFEROS:

À noite, os morcegos com os seus gestos peculiares e sons estranhos desenvolvem a sua atividade, revelando interesse biológico e ecológico. Estes pouco comuns elementos da mamofauna madeirense pertencem ao grupo dos quirópteros. Estão descritas cinco espécies, das quais apenas três confirmadas, uma endémica o pipistrelo-da-madeira (Pipistrellus maderensis), uma subespécie endémica o morcego-arborícola-da-madeira (Nyctalus leisleri verrucosus) e o morcego-orelhudo-cinzento (Plecotus austriacus) que, embora não sendo um endemismo, é igualmente fascinante.

INVERTEBRADOS:

Os invertebrados são muito mais discretos mas igualmente mais numerosos e com taxas de endemismo mais elevadas. Na Laurissilva existem mais de 500 espécies endémicas de invertebrados, distribuídas pelos moluscos, aracnídeos e insetos. Estes últimos, tanto pela sua abundância como diversidade, são o grupo mais representativo (cerca de 20% das quase 3000 espécies de insetos são endémicas).

Um olhar atento debaixo das pedras, das cascas das árvores e dos musgos, por entre as rochas, na terra sob as folhagens permite observar a labuta da fauna malacológica, conhecida vulgarmente por caracóis. Na floresta Laurissilva existem aproximadamente 46 espécies de caracóis, dos quais 29 são endemismos madeirenses. Nos locais mais húmidos, sobre as pedras dos ribeiros e dos regatos é comum a presença da peculiar lesma endémica.

Grupos de animais, tais como os invertebrados, são aparentemente mais discretos mas muito mais numerosos. Na Laurissilva existem mais de 500 espécies endémicas de invertebrados, distribuídas pelos moluscos, aracnídeos e insetos.

O isolamento geográfico, assim como a ocorrência de uma grande diferença altitudinal e diversidade de habitats nos Arquipélagos Macaronésicos, possibilitam que nas suas ilhas se desenvolvam insetos com formas muito particulares, como a redução ou atrofiamento das asas e a alteração do tamanho corporal, bem visível nalguns coleópteros, dando origem a numerosos endemismos. Tal facto, é bem evidente nos artrópodes terrestres da Ilha da Madeira, onde cerca de 20% das quase 3000 espécies de insetos são endémicas.

Os insetos, tanto pela sua abundância como diversidade, são o grupo mais representativo. Para além da sua riqueza biológica, têm um papel fundamental ao nível das cadeias tróficas.

Os coleópteros apresentam uma grande diversidade, com cerca de 800 espécies, sendo os carabídeos os mais representativos na Laurissilva seguido dos estafilinídeos com, aproximadamente, 210 espécies das quais 50 são endémicas. Estes constituem fiáveis bioindicadores do estado de conservação da floresta e diversas formas ilustram bem a diversidade de processos evolutivos que ocorreram nas ilhas. Por exemplo o género Trechus sofreu irradiação adaptativa, apresentando grande número de espécies endémicas na Ilha da Madeira, algumas associadas à Laurissilva.
Nos cursos de água da floresta podemos encontrar uma elevada biodiversidade de invertebrados específicos. Os macroinvertebrados aquáticos são compostos maioritariamente por insetos, sendo os dípteros, o grupo mais representativo, correspondendo a 56% desta fauna.

Um olhar atento debaixo das pedras, das cascas das árvores e dos musgos, por entre as rochas, na terra sob as folhagens permite observar a labuta da fauna malacológica, conhecida vulgarmente por caracóis. Na floresta Laurissilva existem aproximadamente 46 espécies de moluscos terrestres, dos quais 29 são endemismos madeirenses, sendo o seu núcleo composto por representantes dos géneros Plutonia, Craspedopoma e Leiostyla. Algumas delas são especialistas, como Leptaxis membranacea, Boettgeria crispa e Leiostyla arborea, ocupando nichos ecológicos específicos, estando normalmente associadas a folhas e troncos de lauráceas como o Til e o Loureiro (Seddon, 2008)**. Nos locais mais húmidos, sobre as pedras dos ribeiros e dos regatos é comum a presença de 5 espécies de semi-lesmas endémicas de onde destacamos a Plutonia ruivensis e a Plutonia albopaliata.

Citações:
*Bank RA, Groh K and Ripken TE 2002. Catalogue and Bibliography of the non-marine Mollusca of Macaronesia. In Falkner, M Grah, K. & Speight, MCD (eds) Collecteana Malacologica: 89-235.
**Seddon MB 2008. The Landsnails of Madeira. An illustrated compendium of the landsnails and slugs of the Madeiran archipelago. Studies in Biodiversity and Systematics of Terrestrial Organisms from the National Museum of Wales. Biotir Reports 2: 204pp.

 

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MACIco1 MACIco3 MACIco4
Freira-da-madeira Lagartixa Freira-da-madeira

Relativamente à fauna do Maciço Montanhoso, é obrigatório salientar a freira-da-madeira (Pterodroma madeira) (Projeto freira-da-madeira) que é uma das aves marinhas mais ameaçadas do mundo que ocorre exclusivamente na Ilha da Madeira, com o estatuto de conservação "Em Perigo". Vive exclusivamente no mar, apenas vindo a terra durante a época de reprodução entre fins de março e meados de outubro, altura em que podem ser ouvidas ao cair da noite quando voltam para os seus ninhos.

Para mais informação sobre as aves nidificantes consulte o atlas das aves nidificantes.

Alguns dos outros vertebrados que aqui ocorrem são comuns à Laurissilva, designadamente o bis-bis, o tentilhão e a lagartixa, só para referir alguns exemplos.

Quanto aos invertebrados terrestres, é a comunidade de artrópodes terrestres que apresenta a maior riqueza faunística, distribuída por uma grande variedade de grupos. É de salientar ainda o grupo dos aracnídeos que ostenta uma presença bastante significativa ao nível das aranhas, dos ácaros e dos pseudoescorpiões, entre outros.

A malacofauna sub-alpina, que é característica do Maciço Montanhoso da ilha da Madeira, é constituída por 45 espécies, 32 das quais endémicas e sendo 4 exclusivas desta área: Leiostyla colvillei, Leiostyla heterodon, Caseolus calvus e Actinella armitageana. Esta é uma fauna vulnerável, onde 84% das espécies contam da Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas da IUCN (2011)*, de onde se destacam Actinella obserata e Leiostyla cassida assinaladas como criticamente ameaçadas.

Para mais informação consulte o projeto LIFE Maciço Montanhoso. 

Relativamente aos vertebrados introduzidos, no Maciço Montanhoso ocorrem várias espécies de mamíferos como o rato, o murganho e o gato, animais predadores cujo controlo é determinante para a perenidade das espécies autóctones existentes na área, como é o caso específico da freira-da-madeira.

Referências:
*Cuttelod A, Seddon MB and Neubert E 2011. European Red List of Non-marine Molluscs. Luxembourg: Publications Office of the European Union.
Cameron RAD and Cook LM 2001. Madeiran snails: faunal differentiation on a small island. Journal of Molluscan Studies, 67 (3): 257-267.
Cameron RAD and Cook LM 1998. Forest and scrub snail faunas from northern Madeira. Malacologia, 39: 29-38.
Seddon MB 2008. The Landsnails of Madeira. An illustrated compendium of the landsnails and slugs of the Madeiran archipelago. Studies in Biodiversity and Systematics of Terrestrial Organisms from the National Museum of Wales. Biotir Reports 2: 204pp.

 

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Pintassilgo Corre-caminhos  Garajau-comum

Espécies terrestres

A Ponta de São Lourenço constitui a península mais oriental da ilha da Madeira e tem no seu prolongamento dois ilhéus - o Ilhéu do Desembarcadouro (também conhecido por Ilhéu da Metade ou da Cevada) e o Ilhéu do Farol (também designado por Ilhéu da Ponta de São Lourenço ou de Fora). A importância ornitológica é muito distinta nos dois ilhéus.

O grupo de animais com maior interesse, pela sua diversidade e singularidade, é o dos invertebrados. Este é representado essencialmente por moluscos e artrópodes. Os moluscos terrestres, vulgarmente designados por caracóis, são normalmente considerados pelas pessoas como animais pouco simpáticos, lentos, segregadores de um muco viscoso repugnante e destruidores de plantas hortícolas e ornamentais. No entanto, este grupo ocupa uma posição de destaque na biodiversidade madeirense conferida pelas inúmeras espécies endémicas do arquipélago, únicas à escala mundial.

A taxa de diversidade malacológica da Ponta de São Lourenço é inferior ao resto do arquipélago da Madeira, devido ao reduzido número de espécies e respetivas abundâncias contudo, esta é uma área importante ao nível malacológico.

Atualmente a Ponta de São Lourenço conta com 31 taxa, 65% dos quais são endémicos e 2 exclusivas da área: Geomitra watsoni e Amphorella tornatellina minor. Estas espécies distribuem-se não só pela área peninsular mas também pelo Ilhéu do Desembarcadouro e Ilhéu do Farol, ocupando todos habitats disponíveis, quer seja debaixo de rochas e junto ao solo, quer associadas à vegetação local (como acontece com o endemismo Sueda vera), quer ainda em zonas de declive, nas frestas de rochas, como é o caso das 3 espécies do género Boettgeria.

Para mais informação consulte o projeto LIFE Recover Natura

As aves terrestres mais frequentes são: o corre-caminhos (Anthus berhelotii madeirensis), o pintassilgo (Carduelis carduelis parva) o pardal-da-terra (Petronia petronia madeirensis), o canário-da-terra (Serinus canaria canaria), a perdiz (Alectoris rufa), a codorniz (Coturnix coturnix confisa), o pombo-da-rocha (Columba livia atlantis) e as rapinas: a manta (Buteo buteo harterti), o francelho (Falco tinnunculus canariensis), e a coruja (Tyto alba schmitzi). Muitas outras aves de várias espécies visitam ocasionalmente esta área protegida funcionando como ponto de paragem para aves migradoras como: a garça-branca-pequena (Egretta garzetta), a garça-real (Ardea cinérea), a rola-do-mar (Arenaria interpres), o maçarico (Numenius phaeopus), entre outras espécies.

Para mais informação sobre as aves nidificantes consulte o atlas das aves nidificantes.

Nesta área surgem várias espécies introduzidas de animais com caráter invasor. Os vertebrados introduzidos nesta área e causadores de impactos vastamente descritos na bibliografia, são os coelhos (Oryctolagus cuniculus), os murganhos (Mus musculus) e os ratos (Rattus rattus).

Um vertebrado terrestre nativo e muito comum na Ponta de São Lourenço é a lagartixa (Teira dugesii dugesii), subespécie endémica da Madeira.

 

Espécies marinhas

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Bodião Peixe Verde Peixe-cão


O sistema litoral da Ponta de São Lourenço é constituído por uma costa rochosa bastante exposta ao hidrodinamismo marinho. Ao longo da costa existem inúmeras grutas, algumas das quais com entrada submersa, e pequenas praias de calhau rolado, o substrato rochoso é predominante. Grande parte deste substrato tem um declive acentuado, mas também se encontram várias plataformas rochosas, algumas com poças de maré. No mar adjacente encontram-se alguns prolongamentos rochosos, pequenos ilhéus e rochas emersas e submersas quase ligadas à costa. Os fundos são de rocha e de areia.

A fauna marinha da Ponta de São Lourenço é semelhante ao resto do arquipélago, possuindo afinidades marcadamente europeias e mediterrânicas, sobretudo ao nível de grupos como os peixes e os crustáceos do litoral.

Nas zonas rochosas, mais conhecido por nível supralitoral encontram-se povoamentos de litorinas (Littorina striata). De forma isolada começam a aparecer caramujos (Gibula sp.) e no inferior deste andar aparecem colónias de cracas (Cthmalus stellatus). Grupos de lapas começam a surgir, primeiro as lapas (Patella pipperata), e depois Patella áspera e Patella candei que se estendem até ao infralitoral. Neste andar aparece o caranguejo-cabra (Grapsus adscensionis).

Na zona do médiolitoral existe uma diversidade mais elevada de espécies de fauna. A este nível podemos encontrar espécies como as anémonas, as esponjas, os equinodermes (Paracentrotus lividus) e (Arbacia lixula), e do camarão-das-poças (Palaemon elegans).  Algumas espécies de crustáceos Pachygrapsus spp. e Eriphia verrucosa, gastrópodes Monodonta spp. e Gibbula spp. vivem nas reentrâncias rochosas, por se manterem húmidas e escuras.

Conforme aumenta a profundidade (nível infralitoral) o número de organismos aumenta, passando a existir uma fauna mais diversificada que inclui crustáceos anfípodes, isópodes e decápodes, sipunculídeos, anelídeos poliquetas e moluscos gastrópodes que vivem entre as algas e na massa sedimentar retida por estas.

Dentro dos moluscos há a assinalar as espécies Lima lima, Hexaplex trunculus e Spondylus senegalensis. O poliqueta (Hermodice carunculata) é também muito abundante.
Nos fundos rochosos, são frequentes as holotúrias e os ouriços-do-mar, sendo a espécie dominante o ouriço-do-mar-de-espinhos-compridos (Diadema antillarum).

Nos peixes, destacam-se, espécies de grande porte, como sejam o mero (Epinephelus marginatus), o badejo (Mycteroperca fusca) e o peixe-cão (Bodianus scrofa), assim como uma grande variedade de outras espécies costeiras como o sargo (Diplodus sargus), o sargo-veado (Diplodus cervinus), o bodião (Sparisoma cretense), o peixe-verde (Thalassoma pavo) e as castanhetas (Abudefduf luridus) e Chromis limbata. Típicas destes fundos rochosos são as moreias (Muraena helena), M. augusti, Enchelycore anatina e Gymnothorax unicolor.

No âmbito da Birdlife Internacional, a Ponta de São Lourenço está classificada como Área Importante para as Aves (IBA), por ser um importante local de nidificação de aves marinhas. Nidificam neste local aves marinhas com interesse comunitário, constantes no anexo I da Diretiva Aves, como sejam a cagarra (Calonectris borealis), alma-negra (Bulweria bulwerii), o roque-de-castro (Oceanodroma castro), o pintaínho (Puffinus lherminieri baroli) e o garajau-comum (Sterna hirundo).

O Ilhéu do Farol é um local por excelência de nidificação de aves marinhas por não possuir quaisquer predadores terrestres, enquanto o Ilhéu do Desembarcadouro é mais condicionado dado a existência de ratos. No entanto, é neste último que nidifica uma das maiores colónias de gaivota-de-patas-amarelas (Larus michahellis atlantis) da Região.

Esta área protegida constitui ainda local de ocorrência para espécies de mamíferos e répteis marinhos, constantes no anexo II da Diretiva Habitats, como sejam o golfinho-roaz (Tursiops truncatus), foca-monge-do-Mediterrâneo  ou lobo-marinho (Monachus monachus) (Projeto lobo-marinho) e a tartaruga-comum (Caretta caretta), sendo as duas últimas espécies prioritárias.

 SRA (2014). Estratégia Marinha para a subdivisão da Madeira. Diretiva Quadro Estratégia Marinha. Secretaria Regional do Ambiente e dos Recursos Naturais. Junho de 2014.

 

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Mero Mergulhador a observar um mero Raia

Nesta área marinha, os fundos marinhos são povoados por uma abundante e residente fauna. Observam-se vários tipos de peixes típicos do Oceano Atlântico e que são comuns a todas as zonas costeiras europeias e costas mediterrâneas, com destaque para o mero Epinephelus marginatus que é a espécie emblemática da Reserva! Atrai e desperta a curiosidade dos mergulhadores, pois para além de ser um peixe de grande dimensão, é dócil e de fácil convivência!

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Peixe-verde Sargo-veado Castanhetas

Do ponto de vista ornitológico, constitui um local privilegiado para a nidificação de algumas espécies de aves marinhas pelágicas, da ordem dos Procelariformes, das quais a cagarra Calonectris borealis é um bom exemplo. Estas aves migratórias dependem de áreas com pouca perturbação e inacessíveis aos predadores, para nidificarem. Desta forma, locais como o Ilhéu da Rocha das Vinhas assumem, nos nossos dias, particular importância.

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Tarântula-das-desertas Lobo-marinho Freira-do-bugio

São várias as espécies raras e endémicas que se encontram nas Ilhas Desertas, mas foi a necessidade urgente de preservar uma pequena colónia de foca-monge do Mediterrâneo (Monachus monachus), vulgarmente conhecida como lobo-marinho, que motivou a proteção desta área (Projeto lobo-marinho).

No âmbito do projeto Life Madeira Lobo-marinho foi definida uma Estratégia de Conservação do lobo-marinho na Madeira

A fauna marinha das Ilhas Desertas é semelhante à do resto do arquipélago, apresentando afinidades europeias e mediterrânicas, sobretudo ao nível dos peixes e crustáceos do litoral, como sejam castanhetas (Chromis limbata) e Abudefduf luridus, taínha (Liza aurata), boga (Boops boops), sargo (Diplodus sp.), garoupa (Serranus atricauda), bodião (Sparisoma cretense), peixe-cão (Bodianus scrofa), peixe-verde (Thalassoma pavo), caranguejo-cabra (Grapsus adscensionis) e cavaco (Scyllarides latus).

Várias espécies de tartarugas como de cetáceos também podem ser observadas nas águas circundantes destas Ilhas.

Este espaço é também um importante centro de nidificação de aves marinhas, tais como a cagarra (Calonectris borealis), roque-de-castro (Hydrobates castro), a alma-negra (Bulweria bulwerii), e freira-do-bugio (Pterodroma deserta) (Projeto freira do bugio). Todas estas aves são espécies inerentemente vulneráveis para as quais as Ilhas Desertas representam um dos últimos refúgios a nível Mundial.
Importa destacar que a Deserta Grande suporta a maior colónia de alma-negra (Bulweria bulwerii) do Atlântico e possivelmente do Mundo, e que a freira-do-bugio (Pterodroma deserta) nidifica exclusivamente no Bugio. Por conseguinte, estas ilhas desempenham um papel crucial para a conservação destas espécies.

Quanto às aves residentes – que podem ser encontradas durante todo o ano – destacam-se o corre-caminhos (Anthus bertheloti madeirensis), subespécie endémica do Arquipélago da Madeira e canário-da-terra (Serinus canaria canaria), subespécie endémica da Macaronésia. São observadas igualmente rapinas, a saber: francelho (Falco tinnunculus canariensis), subespécie endémica da Macaronésia, manta (Buteo buteo harterti) e coruja-das-torres (Tyto alba schmitzi), subespécies endémicas do Arquipélago da Madeira.

Para mais informação sobre as aves nidificantes consulte o atlas das aves nidificantes.

Outro grupo de animais de grande interesse é o dos invertebrados. No grupo dos artrópodes estão listadas 57 espécies de aranhas (Crespo et al., 2013)*, salientando-se a tarântula-das-desertas Hogna ingens, um endemismo destas Ilhas e uma das maiores e mais raras tarântulas do mundo. Este aracnídeo apresenta uma área de distribuição muito restrita (23 ha), habitando apenas o Vale da Castanheira, no extremo norte do topo da Deserta Grande, estando a sua população estimada em 4086 indivíduos adultos (2012) (Crespo et al., 2014)**.

Distribuída em pouco mais de 2000 ha, a malacofauna terrestre das Ilhas Desertas é riquíssima, sendo constituída por mais de 50 espécies e subespécies de moluscos terrestres, 44 dos quais endémicos e com vários táxones exclusivos tais como Actinella anaglyptica (Ilhéu Chão), Atlantica calathoides (Deserta Grande) e Leptaxis simia hyaena (Bugio).

Para mais informação consulte o projeto Life Recover Natura.

A lagartixa (Teira dugesii mauli) é o único réptil terrestre que habita estas ilhas, sendo uma subespécie endémica das Ilhas Desertas.

Citações:
*Crespo LC, Silva I, Borges PAV, Cardoso P 2013. Rapid biodiversity assessment, faunistics and description of a new spider species (Araneae) from Desertas Islands and Madeira (Portugal), Revista Iberica de Aracnologia, 23: 11-23. ISSN 1576-9518.
**Crespo LC, Silva I, Borges PAV, Cardoso P 2014. Assessing the conservation status of the strict endemic Desertas wolf spider, Hogna ingens (Araneae, Lycosidae). Journal for Nature Conservation, 22 (6): 516–524.


No âmbito do projeto Life Madeira Lobo-marinho foi definida uma Estratégia de Conservação do lobo-marinho na Madeira

logopdf Estratégia de Conservação do lobo-marinho na Madeira
   
logopdf Resolução n.º 916/2020 de 17 de novembro - Aprova a Estratégia para a Conservação do Lobo-marinho no Arquipélago da Madeira para o período 2020-2032

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selvagens Selvagens2 SELVAGENS3
Cagarra Osga Manta

Espécies Terrestres

O número total estimado de espécies e subespécies de invertebrados terrestres nas Ilhas Selvagens é de cerca de 219, sendo os artrópodes os maiores representantes destes registos (92%). O arquipélago das Ilhas Selvagens é claramente um hotspot de diversidade em número de espécies de artrópodes terrestres endémicos, com cerca de 44 taxa individuais (espécies=39; subespécies=7). Um recente catálogo sobre os coleópteros das Ilhas Selvagens foi publicado, com 5 novos registos de espécies para esta área (incluindo uma nova espécie). Contudo, com base no declive acentuado da curva de descoberta cumulativa de novos taxa, o número atual de espécies e subespécies endémicas conhecidas é certamente uma pobre estimativa do seu número real. Relativamente aos moluscos terrestres, pelo menos 8 taxa (espécies e subespécies) estão presentes nas Ilhas Selvagens, entre os quais uma espécie endémica Theba macandrewiana.

A fauna de vertebrados em ecossistemas insulares é normalmente composta por um pequeno número de taxa, com uma proporção considerável de endemismos. Este padrão geral também se observa no arquipélago das Ilhas Selvagens. Nestas ilhas, ocorrem 10 vertebrados terrestres, cujos 2 únicos répteis terrestres Tarentola bischoffi e Teira dugesii selvagensis presentes são exclusivos das Ilhas Selvagens. A fauna de vertebrados terrestres é caracterizada pela ausência de mamíferos nativos.

Um passariforme terrestre nidifica nas Ilhas Selvagens, o corre-caminhos Anthus bertheloti bertheloti, endémico da Macaronésia. Muitas outras aves visitam as Ilhas Selvagens ocasionalmente ou acidentalmente, principalmente no outono e na primavera.

Após a bem sucedida erradicação de coelhos e murganhos na Selvagem Grande, as Ilhas Selvagens tornaram-se o único arquipélago livre de mamíferos da Macaronésia (e do Atlântico Norte). A restrição da fauna de vertebrados terrestres à sua composição original de aves e répteis tem permitido o estudo científico de um tipo de ecossistema insular que era o mais comum ao nível mundial antes da invenção da navegação marítima por seres humanos. À medida que a sucessão ecológica continua e a ilha retorna à sua condição pristina, estes estudos (em curso) serão muito úteis para a descrição da linha de base das comunidades insulares, em comparação com as ilhas cujos ecossistemas são muito prejudicados devido à invasão de mamíferos.

Espécies Marinhas

O sistema litoral das Ilhas Selvagens é constituído por uma costa rochosa bastante exposta ao hidrodinamismo marinho. Na Selvagem Grande, predomina a costa rochosa com declive bastante acentuado enquanto na Selvagem Pequena e Ilhéu de Fora, prevalecem as plataformas rochosas existindo pequenas praias de areia branca. No mar adjacente destas ilhas, encontram-se alguns prolongamentos rochosos, pequenos ilhéus e uma grande quantidade de baixios.

Estudos recentes foram realizados no âmbito do M@rBis (Sistema de Informação para a Biodiversidade Marinha) (2010) e da National Geographic Society (2015). O principal objetivo deste esforço é a catalogação da biodiversidade marinha. A base de dados M@rbis inclui cerca de 15.000 registos de biodiversidade, dos quais pelo menos 100 são novos registos para a área. Eventualmente cerca de 20 espécies são novas espécies para a ciência, ainda não descritas. Os resultados preliminares destes estudos confirmam a presença de comunidades pristinas muito diversas, representativas dos habitats marinhos da Macaronésia.

Vários trabalhos têm sido publicados sobre a fauna marinha malacológica das Ilhas Selvagens, demonstrando que esta é uma zona bastante rica, preservada e com grande potencial nesta área de estudo, destacando-se a Expedição Selvagens 94. Durante esta expedição, foram recolhidas 115 espécies de moluscos marinhos, 32 das quais são espécies referenciadas pela primeira vez para as Ilhas Selvagens. Destas espécies, existem 32 em que as Ilhas Selvagens representam o limite de distribuição norte e 13 que representam o limite de distribuição sul. Em 2006, o número de registos de moluscos com presença confirmada nas Ilhas Selvagens é de 216 espécies. A campanha EMEPC/M@rBis/Selvagens 2010 descobriu outra série de novas espécies, que estão sendo estudadas atualmente. Como primeiro resultado, está a ser descrito o gastrópode Adeuomphalus marbisensis que, em conjunto com Sticteulima lata, Alvania dijkstrai, Alvania freitasi, Alvania harrietae, Manzonia boucheti e Osilinus atratus selvagensis, são taxa endémicos de moluscos marinhos das Ilhas Selvagens.

Em 2000, foi apresentado o primeiro catálogo de peixes litorais costeiros das Ilhas Selvagens, com um total de 60 espécies. Em consequência da missão científica EMEPC/M@rBis/Selvagens 2010, a informação disponível sobre a ictiofauna das Ilhas Selvagens foi atualizada, tendo acrescentado 29 novas espécies para as ilhas. Das 88 espécies assinaladas para as Ilhas Selvagens, 27% são características do oceano Atlântico oriental tropical, 10% das águas temperadas e 7% das águas subtropicais. 19% são espécies cosmopolitas e 14% anfiatlânticas. As Ilhas Selvagens são um exemplo de uma grande diversidade de espécies costeiras que ocorrem mesmo em áreas muito pequenas do Atlântico Nordeste. Comparadas com outros arquipélagos, a riqueza de espécies de peixes relatada para as Ilhas Selvagens é notável quando se considera que a área submersa com profundidades inferiores a 60 m é muito menor do que a disponível em arquipélagos de maior dimensão da Macaronésia.

A nível mundial existem 7 espécies de tartarugas marinhas. Destas, cinco espécies ocorrem na Madeira: uma na família Dermochelydae (Dermochelys coriacea) e quatro na família Cheloniidae (Caretta caretta, Lepidochelys kempii, Eretmochelys imbricata, Chelonia mydas). Nenhuma destas espécies reproduz-se em território nacional. Assim, somente a tartaruga-comum, Caretta caretta é considerada uma espécie visitante na Madeira segundo os critérios da UICN, as demais sendo ocasionais, ou seja pouco ou muito pouco frequentes. As praias de nidificação que contribuem para as tartarugas encontradas ao largo da Madeira situam-se nos EUA (Flórida e Carolinas), muito provavelmente em Cabo Verde e possívelmente um pequeno contributo do Mar Mediterrâneo. Após a eclosão dos ovos, os juvenis dirigem-se para o alto mar, permanecendo longe das costas os primeiros 6 a 9 anos da sua vida. Dada a importância da Madeira nesta fase vital, chamada fase juvenil pelágica ou oceânica, as Ilhas Selvagens também contribuem para a preservação da espécie.

As Ilhas Selvagens são uma das áreas de reprodução mais importantes para as aves marinhas da Macaronésia e do Atlântico Norte e estão classificadas como Área Importante para as Aves e Biodiversidade (IBA) no âmbito da BirdLife Internacional. A avifauna marinha nidificante destas ilhas é composta por 8 espécies. A colónia de cagarras Calonectris borealis constitui a colónia desta espécie com maior densidade em todo o mundo. Contudo é a colónia de calcamar Pelagodroma marina, aquela que atinge o número mais elevado nas Ilhas Selvagens, com um total superior a 80.000 casais reprodutores. A alma-negra Bulweria bulwerii, roque-de-castro Hydrobates castro e pintainho Puffinus lherminieri baroli, constituem as restantes aves marinhas que nidificam em números bastante significativos, todas elas de interesse comunitário.

Relativamente às aves marinhas costeiras, nas Ilhas Selvagens nidificam o garajau-comum Sterna hirundo e a gaivota-de-patas-amarelas Larus michahellis atlantis. O garajau-rosado, Sterna dougallii, espécie sob grande ameaça a nível mundial, para qual existem registos de nidificação em pequeno número no Ilhéu de Fora, não tem sido detetada a nidificar nos estudos mais recentes. O garajau-de-dorso-preto, Ornychoprion fuscatus, já foi detetado a nidificar na Selvagem Pequena. No entanto, esta nidificação tem tido caráter esporádico e não regular, pelo que a espécie continua a ser considerada apenas como ocasional nestas ilhas. As aves marinhas aqui referidas, com exceção da gaivota-de-patas-amarelas, são espécies migratórias, aparecendo nestas ilhas apenas durante o seu período reprodutivo. Tal como acontece com as aves terrestres, muitas outras espécies de aves marinhas visitam ocasionalmente as Ilhas Selvagens, sobretudo no Outono e no Inverno.

Um total de 9 espécies de cetáceos estão registadas nas águas das Ilhas Selvagens, algumas com estatuto de conservação ao nível mundial de "Vulnerável" ou "Ameaçada" de acordo com a lista de espécies ameaçadas da UICN. Estudos realizados em 1993, foram registadas a baleia-comum Balaenoptera physalus, cachalote Physeter macrocephalus, golfinho-roaz Tursiops truncatus e golfinho-comum Delphinus delphis nestas águas. A equipa científica do Museu da Baleia da Madeira observou, durante uma campanha de mar sistemática realizada nestas ilhas em agosto de 2002, golfinho-roaz Tursiops truncatus, baleia-piloto-tropical Globicephala macrorhynchus, golfinho-malhado-do-atlântico Stenella frontalis, cachalote-pigmeu Kogia breviceps e uma espécie de baleia de bico não confirmada. Ao longo dos anos, têm sido registados avistamentos e arrojamentos de vários cetáceos, confirmando a presença de algumas das espécies acima mencionadas e acrescentando mais duas: uma baleia-sardinheira Balaenoptera borealis foi reportada arrojada em 2005 pelos colaboradores da entidade gestora em exercício de funções nesta área protegida e uma baleia-de-bryde Balaenoptera edeni foi filmada pela equipa da National Geographic em 2015, enquanto filmava o documentário "Pristine Seas" nas Ilhas Selvagens. Provavelmente, muitas outras espécies de cetáceos utilizem o mar das Ilhas Selvagens, considerando que, ao norte, as ilhas do arquipélago da Madeira (Madeira, Desertas e Porto Santo) apresentam registos de 29 espécies de cetáceos e, a sul, as ilhas Canárias apresentam registo de um número idêntico de espécies. Os poucos estudos realizados nas Ilhas Selvagens sobre cetáceos, com uma cobertura sazonal muito limitada, justificam este registo mais baixo do que o esperado de espécies de cetáceos. Da posição geográfica subtropical das Ilhas Selvagens resulta ser o limite da faixa de distribuição norte de muitas espécies de cetáceos oceânicos tropicais e o limite sul de espécies de latitudes mais temperadas.

O meio marinho destas ilhas fica caraterizado pelas suas águas límpidas, onde guarda uma fauna abundante e diversificada (Relatório científico da National Geographic).

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Tarântula O Madeirense  Hystricella turricula

Os Ilhéus são locais preferenciais para a nidificação da avifauna marinha. Três dos Ilhéus – Ilhéu de Cima, Ilhéu da Cal e Ilhéu de Ferro – formam uma IBA (Zona Importante para as Aves), sendo conhecida a nidificação de pelo menos 4 espécies de Proccellariformes: cagarra (Calonectris diomedea), alma-negra (Bulweria bulwerii), roque-de-castro (Hydrobates castro) e pintainho (Puffinus lherminieri). Das aves terrestres nidificantes é de salientar a presença de corre-caminhos (Anthus berthelotii madeirensis), de andorinhão-da-serra (Apus unicolor), de canário-da-terra (Serinus canaria) e de pardal-da-terra (Petronia petronia madeirensis).

Outras espécies nidificantes são o garajau-comum (Sterna hirundo), a gaivota-de-patas amarelas (Larus michahellis atlantis) e possivelmente o garajau-rosado (Sterna dougallii). No que diz respeito à fauna presente nos Ilhéus refira-se que, além da presença das aves, os Ilhéus apresentam uma fauna malacológica rica.

Para mais informação sobre as aves nidificantes consulte o atlas das aves nidificantes.

A Ilha do Porto Santo é a Ilha do Arquipélago da Madeira que contém maior número de espécies e subespécies de moluscos terrestres por unidade de área (104 taxa numa área de 43 km2), em que 80% destes são endémicos(Cameron et al. 1996*, Abreu & Teixeira, 2008)**.

Esta ocorrência é extensiva aos seus Ilhéus, existindo alguns endemismos exclusivos, como é o caso de Hystricella turricula (Lowe, 1831), exclusiva do Ilhéu de Cima. Das espécies introduzidas, menciona-se a Theba pisana, por ser uma das que se encontra em toda a área terrestre da Rede de Áreas Marinhas Protegidas do Porto Santo.

Os ilhéus do Porto Santo encerram 47 espécies de moluscos terrestres, 85% das quais são endémicas, e que se encontram distribuídas pelos 6 ilhéus. Apesar das suas reduzidas dimensões, todos os ilhéus possuem, pelo menos, 1 táxone exclusivo: Hystricella turricula (Ilhéu de Cima), Discula calcigena gomesiana (Ilhéu das Cenouras), Leptaxis wollastoni forensis (Ilhéu de Fora), Discula polymorpha barbozae (Ilhéu da Fonte da Areia), Leptaxis nivosa craticulata (Ilhéu de Ferro) e Idiomela subplicata (Ilhéu de Baixo) (Teixeira, 2015)***.

Para mais informação sobre a biodiversidade consulte o projeto Life IIhéus do Porto Santo.

Citações:
*Cameron RAD, Cook LM, Hallows JD 1996. Land snails on Porto Santo: adaptive and non-adaptive radiation, Philosophical Transactions of the Royal Society of London B: Biological Sciences, 351(1337): 309-327.
**Abreu C and Teixeira D 2008. The molluscs (Mollusca) of the Madeira and Selvagens archipelagos in: Borges, PAV et al. (eds.) 2008. A list of the terrestrial fungi, flora and fauna of Madeira and Selvagens archipelagos, Direção Regional do ***Ambiente da Madeira and Universidade dos Açores, Funchal and Angra do Heroísmo pp. 227-244.
Teixeira D. 2015. Relatório final do Projecto LIFE “Ilhéus do Porto Santo”, componente malacofauna terrestre, 52 pp.

 

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