A MACARONÉSIA
O termo Macaronésia, de etimologia grega (makáron = felicidade, nésoi = ilhas), foi utilizado pela primeira vez pelo geólogo e botânico inglês Philip Barker Webb para se referir a uma área biogeográfica, constituída pelos arquipélagos dos Açores, Madeira, Canárias e Cabo Verde, tendo em conta a riqueza e particularidade dos seus recursos botânicos.
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O termo Macaronésia, de etimologia grega (makáron = felicidade, nésoi = ilhas), foi utilizado pela primeira vez pelo geólogo e botânico inglês Philip Baker Webb para se referir a uma área biogeográfica, constituída pelos arquipélagos dos Açores, Madeira, Canárias e Cabo Verde, tendo em conta a riqueza e particularidade dos seus recursos botânicos.
Presentemente, a extensão geográfica desta região encontra-se alargada a um enclave continental do litoral noroeste africano. Este alargamento é baseado num conjunto de evidências de flora e fauna que relacionam, de um ponto de vista biogeográfico, os arquipélagos da Macaronésia (nomeadamente as ilhas ocidentais das Canárias) e o respetivo enclave continental.
FLORA
A região macaronésica, devido à sua localização geográfica, singularidade das condições ecológicas e o isolamento das regiões dela constituintes, reúne uma elevada diversidade de espécies e de comunidades vegetais únicas no planeta, sendo considerada como um dos centros de biodiversidade mais importantes a nível mundial. Em virtude desta região não ter sido significativamente afetada pelos sucessivos episódios de alterações ecológicas decorrentes da história climática europeia recente, terá feito da Macaronésia um local extremo das vias de dispersão de biodiversidade e privilegiado para a sobrevivência de grande número de espécies relíquias. Assim, parte da originalidade da flora da região Macaronésica, em geral é interpretada como sendo uma relíquia do Terciário, representando vestígios da vegetação subtropical de uma unidade fitogeográfica do sul da Europa e do Norte de Africa (atual bacia do mediterrâneo), presentemente extinta devido às glaciações, alteração significativa dos períodos de precipitação, aumento global da secura e aos fenómenos de desertificação do Saara (Capelo et al 2007).
Em termos de diversidade vegetal indígena, os arquipélagos constituintes da Macaronésia somam aproximadamente 4500 espécies de plantas vasculares, das quais cerca de um quinto são endémicas exclusivas de determinado arquipélago e aproximadamente 220 partilhadas.
Os arquipélagos europeus da Macaronésia; Açores, Madeira e Canárias, apresentam o mais elevado grau de endemismo da Europa. Do total de espécies de plantas vasculares existentes nestes arquipélagos, cerca 840 são endémicas (Borges et al, 2008). No entanto, a atividade humana, desde o povoamento destas ilhas até à atualidade, tem provocado alterações nos ecossistemas naturais, resultando num decréscimo quantitativo e qualitativo da diversidade vegetal. O resultado tem sido um aumento acentuado das espécies em risco de extinção. Estima-se que 418 espécies vasculares, ou seja, cerca de 50% das espécies vegetais vasculares endémicas dos arquipélagos dos Açores, Madeira e Canárias estejam ameaçadas de extinção, estando presentemente 123 sobe a égide da Diretiva Habitats (92/43/CEE), diretiva comunitária que estabelece espécies e habitats com interesse de conservação imediato (Salinas et al, 2005).
A Madeira (arquipélagos da Madeira e Selvagens) está situada no Atlântico Norte, a aproximadamente 900 km a sudoeste de Portugal Continental e a 630 km a oeste da costa Marroquina. Com uma área total de 801,5 Km2, é constituída pela ilha da Madeira, pela ilha do Porto Santo e seus 6 ilhéus, e pelos grupos de ilhas Desertas (Ilhéu Chão, Deserta Grande e Bugio) e Selvagens (Selvagem Grande, Selvagem Pequena e Ilhéu de Fora).
Os arquipélagos da Madeira e Selvagens, devido à orografia das várias ilhas, história climática e a sua localização geográfica relativa aos restantes arquipélagos atlânticos, bem como continentes africano, europeu e americano, reúnem um conjunto de condições ecológicas particulares que determinaram a existência de uma flora diversa, com elevado grau de endemismo e ainda comunidades vegetais únicos no mundo e com elevado interesse científico.
Os briófitos constituem um grupo de plantas com uma anatomia, morfologia e ciclo de vida muito característico e bem diferenciado dos restantes membros do Reino Vegetal. Com aspeto folhoso (musgos e hepáticas) e/ou taloso (hepáticas e antocerotas), os briófitos são plantas normalmente verdes, de pequenas dimensões (algumas espécies têm menos de 0.5 mm enquanto que outras podem atingir aproximadamente 70 cm de comprimento) e apresentam, em comparação com as plantas vasculares, uma menor diferenciação anatómica interna e externa. Os briófitos não formam flores nem sementes e não apresentam verdadeiros tecidos e vasos condutores (xilema e floema), como os existentes nas plantas vasculares. O transporte interno de água e nutrientes não existe ou é pouco eficaz. Este facto determina uma diferente constituição e organização dos tecidos integrantes das folhas, caules e raízes dos briófitos, sendo estas estruturas nestas plantas denominadas por filídeos, caulóides e rizóides. Excetuando-se os rizóides, que nos briófitos apresentam uma função fundamentalmente de fixação da planta ao substrato, os filídeos e caulóides apresentam funções relativamente semelhantes às observadas nas plantas vasculares.
SÉRIES DE VEGETAÇÃO DA ILHA DA MADEIRA
A vegetação na Madeira enquadra-se, em geral, em três tipos: uma vegetação florestal e pré-florestal climácica, às suas etapas de substituição e naturalmente a vegetação associada à presença humana.
Estes tipos diferentes de vegetação apresentam uma representatividade influenciada pelo uso antrópico intenso que se faz sentir, desde a colonização da ilha da Madeira no século XV. Este uso intensivo fez-se sentir essencialmente nas altitudes mais baixas da encosta norte, e em quase todo o gradiente altitudinal da encosta sul da ilha da Madeira.