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O Lobo-marinho ou Foca-monge-do-mediterrâneo, nome científico: Monachus monachus (Hermann, 1779), é um mamífero marinho que ocorre em Portugal, mais concretamente no Arquipélago da Madeira. Esta espécie da família das focas (Phocidae), é a foca mais rara do mundo.

Projetos de conservação

A conservação do lobo-marinho no Arquipélago da Madeira, teve início em 1988, através de ações desenvolvidas pelo outrora Serviço do Parque Natural da Madeira, a instituição do Governo Regional da Madeira responsável pela conservação da natureza à data. Nesta altura, estimou-se que apenas existiria 6-8 indivíduos na população de lobos-marinhos da Madeira. Este programa de conservação, motivou a proteção legal das Ilhas Desertas em 1990, que atualmente têm o estatuto de Reserva Natural das Ilhas Desertas, o principal habitat do lobo-marinho.

Até 2014, o trabalho de conservação mantido até então, levou a crer que a população de lobos-marinhos tinha crescido para os 40 indivíduos. No entanto, em 2019, a nova metodologia aplicada no projeto LIFE Madeira Lobo-Marinho (LIFE13 NAT/ES/000974 Madeira lobo-marinho), veio revelar que a colónia era composta apenas por 21 indivíduos (dados de 2018). Este projeto, culminou na apresentação de uma Estratégia para a Conservação do Lobo-marinho no Arquipélago da Madeira.

Em 2021, teve início o mais recente projeto de conservação do lobo-marinho - o projeto VECLAM - “Vigilância do estado de conservação do lobo-marinho no arquipélago da Madeira, financiado pela Monk Seal Alliance - com duração até 2024, que pretende dar continuidade à conservação desta espécie e do seu habitat, e aumentar o conhecimento acerca da mesma.

 

OBJETIVOS

DESCRIÇÃO DA ESPÉCIE

AMEAÇAS

ESTATUTO LEGAL

PRINCIPAIS AÇÕES EM CURSO

O QUE FAZER QUANDO OBSERVA UM LOBO-MARINHO?

PUBLICAÇÕES DE INTERESSE

LINKS ÚTEIS

CONTACTOS

 

 

 

OBJETIVOS

O IFNC, IP-RAM pretende contribuir para a conservação do lobo-marinho no Arquipélago da Madeira, ao assegurar a proteção desta espécie e do seu habitat, promovendo assim o crescimento da população de lobos-marinhos na região. 

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DESCRIÇÃO DA ESPÉCIE

Distribuição

A população mundial de lobos-marinhos está estimada em cerca de 750 indivíduos, distribuídos pelo Mar Mediterrâneo e Oceano Atlântico, sendo no Atlântico onde se encontram as maiores sub-populações.  

No Oceano Atlântico, existem 2 sub-populações de lobos-marinhos: a da Madeira, composta por 22 indivíduos (dados de 2021) e a de Cabo Branco (Mauritânia), composta por 380 indivíduos (dados de 2021). 

A população de lobos-marinhos da Madeira, tem tido um crescimento muito reduzido, sendo que a média de recrutamento de novos indivíduos na população, é de 2 indivíduos/ano. 

Habitat

O lobo-marinho é uma espécie totalmente adaptada ao meio marinho, onde realiza diversas atividades fundamentais à sua existência, entre as quais: alimentação, acasalamento, descanso (faz pequenas sestas à superfície e debaixo de água) e socialização( brincar e explorar). 

A espécie ocorre frequentemente junta à costa, e sobre fundos até os 200 m de profundidade, mas pode deslocar-se até algumas milhas da zona costeira, e mergulhar até os 400 m de profundidade. 

Embora passe muito do seu tempo na água, esta espécie também precisa e depende de terra para repousar, parir e cuidar das crias. Para tal, ocupa principalmente praias abrigadas dentro de grutas, podendo também  repousar em praias abertas. 

Dieta

O lobo-marinho alimenta-se principalmente de peixe, cefalópodes e crustáceos. Em predação é capaz de fazer mergulhos com apneias que podem durar até 15 minutos, sendo uma espécie predadora oportunista, que captura alimento em fundos rochosos e baixios próximos da costa.

Reprodução

Os lobos-marinhos acasalam dentro de água no mar. O lobo-marinho atinge a maturidade sexual aos 3-4 anos, mas na população da Madeira, as fêmeas atingem a maturidade sexual por volta dos 6-7 anos, e 50%  não tem crias todos os anos. Após um período de 9 meses, cada fêmea dá à luz a 1 cria, e em média, nascem por ano 4 crias na colónia. No entanto, 62% das crias morrem antes de atingir 1 ano de vida. 

Na Madeira, a época de nascimentos de lobo-marinho ocorre em outubro-novembro, sendo a altura em que se observam mais animais em terra, juntos em colónia, a cuidar das crias durantes os primeiros meses de vida.  

As crias são amamentadas durante 4 meses e, quando fortalecidas, experimentam as suas primeiras natações, sempre acompanhadas pelo olhar atento das progenitoras, e as primeiras brincadeiras/aprendizagens entre crias e outros elementos da colónia. 

Longevidade

Os dados recolhidos acerca desta espécie na Madeira, indicam que a idade média de vida dos lobos-marinhos é entre os 20-25 anos.  

Morfologia

O lobo-marinho é uma das maiores espécies de foca existentes, e a sua morfologia varia consideravelmente ao longo da sua vida.  

As crias nascem com um aspeto lanoso, de cor negra, e uma mancha umbilical amarelada, que se torna progressivamente mais branca, com o avançar dos dias. Nascem com cerca de 80-120 cm de comprimento e pesam entre 15-20 kg. Nesta idade, é facilmente distinguível o sexo do indivíduo, através do formato da mancha umbilical (formato retangular nas fêmeas, e formato borboleta nos machos). 

A posição do orifício genital, também é um bom indicador do sexo do lobo-marinho. Nos machos encontra-se logo abaixo do umbigo, onde possuem o pénis recolhido, e nas fêmeas encontra-se debaixo da cauda, próximo do ânus. As fêmeas apresentam ainda 4 mamilos à volta do umbigo. 

À medida que crescem, a coloração do pêlo torna-se mais acinzentada, e a mancha umbilical outrora muito evidente, dá lugar a uma zona ventral totalmente branca. Começam a adquirir as primeiras cicatrizes, que se tornam numerosas na idade adulta, em especial nas fêmeas. Geralmente, os machos apresentam são maiores do que as fêmeas. 

Em idade adulta, os lobos-marinhos atingem à volta de 3 m, e podem pesar cerca de 300 kg.  

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AMEAÇAS

Na natureza, as populações podem ser impactadas negativamente por fatores de origem humana ou natural, estes são classificados como pressões – se estão a ocorrer no presente/tempo atual – ou ameaças – quando se prevê que ocorram no futuro. 

Na população de lobos-marinhos do arquipélago da Madeira, estão identificadas as seguintes pressões e ameaças:

Pressões de origem humana: pesca comercial e atividades turísticas e de lazer.

Pressões de origem natural: mortalidade de crias e disponibilidade de recursos alimentares.

Ameaças: número reduzido de machos na população, baixa variabilidade genética, degradação do habitat, aquacultura e pesca lúdica.

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ESTATUTO LEGAL

Considerada pela IUCN (2015) como uma espécie ameaçada, o lobo-marinho e o seu habitat são protegidos legalmente por legislação regional, nacional e internacional.

Listado nos Anexos I da Convenção de Berna, Anexos I e II da Convenção de Bona, Anexo II da Convenção de Barcelona, Apêndice I e II da Convenção sobre Diversidade Biológica e nos Anexos II e IV da Diretiva Habitats.

Regionalmente, o lobo-marinho e o seu habitat são também protegidos pelos seguintes regulamentos: Decreto Legislativo 6/86/M de 30 de maio, que regula a Proteção de Mamíferos Marinhos na Zona Costeira e Subárea 2 da Zona Económica Exclusiva Portuguesa (ZEE Madeira); e Decreto Legislativo Regional n.º 15/2013/M de 14 de maio de 2013, que regulamenta a Atividade de Observação de Vertebrados Marinhos na Região Autónoma da Madeira.

 

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PRINCIPAIS AÇÕES EM CURSO

A população de lobos-marinhos e o seu habitat são monitorizados continuamente ao longo do ano, de forma a acompanhar o sucesso reprodutor da colónia, e antever possíveis ameaças inerentes ao retorno da população à Ilha da Madeira, outrora o seu habitat.

Estas ações são acompanhadas de um programa de sensibilização, projetado para abranger toda a comunidade madeirense da Ilha da Madeira e de Porto Santo, em especial a comunidade que está diretamente relacionada com o mar.

O lobo-marinho e o seu principal habitat usufruem ainda de uma vigilância atenta da parte do IFCN, como entidade fiscalizadora, realizada pelos Vigilantes da Natureza, com principal enfoco na Reserva Natural das Ilhas Desertas.

 

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O QUE FAZER QUANDO OBSERVA UM LOBO-MARINHO?

Registe as informações sobre o avistamento e contacte a Rede SOS Vida Selvagem ou o site www.lobomarinhomadeira.com

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PUBLICAÇÕES DE INTERESSE

  • Projeto LIFE MADEIRA LOBO-MARINHO: Layman´s Report - LIFE13 NAT/ES/000974 (PT) (EN)

  • Estratégia de Conservação do lobo-marinho na Madeira

  • Resolução n.º 916/2020 de 17 de novembro - Aprova a Estratégia para a Conservação do Lobo-marinho no Arquipélago da Madeira para o período 2020-2032

  • Decreto Legislativo 6/86/M, de 30 de maio - Proteção de Mamíferos Marinhos na Zona Costeira e Subárea 2 da Zona Económica Exclusiva Portuguesa (ZEE Madeira)

  • Decreto Legislativo Regional n.º 15/2013/M, de 14 de maio de 2013 - Atividade de Observação de Vertebrados Marinhos na Região Autónoma da Madeira

  • Karamanlidis, A.; Pires, R.; Neves, H. C. & C. Santos. 2003 Habitat of the endangered Mediterranean monk seal (Monachus monachus) at São Lourenço – Madeira. Aquatic Mammals 29 (3): 400-403.  

  • Karamanlidis, A.; Pires, R.; Silva, N. & H. C. Neves. 2004 The availability of resting and pupping habitat for the critically endangered Mediterranean monk seal (Monachus monachus) in the Archipelago of Madeira. Oryx 38(2): 1-6.  

  • Pires, R., Costa Neves, H. & A. Karamanlidis, 2007. Activity Patterns of the Mediterranean Monk Seal (Monachus monachus) in the Archipelago of Madeira. Aquatic Mammals 2007, 33(3): 327-336.  

  • Pires, R., Costa Neves, H. & A. Karamanlidis, 2008. The Critically Endangered Mediterranean monk seal Monachus monachus in the archipelago of Madeira: priorities for conservation. Oryx, 42(2): 278–285.  

  • Karamanlidis, A.A.; Androukak,i E.; Adamantopoulou, S.; Chatzispyrou, A.; Johnson, W.; Kotomatas, S.; Papadopoulos, A.; Paravas, V.; Paximadis, G.; Pires, R., Tounta, E. & P. Dendrinos, 2008 Assessing accidental entanglement as a threat to the Mediterranean monk seal Monachus monachus. Endang Species Res 5:205-213 

  • R. Hale, 2009. Interacção da foca-monge (Monachus monachus) com as diversas artes de pesca da Região Autónoma da Madeira. Dissertação submetida à Faculdade de Ciências da Universidade do Porto para obtenção do grau de Mestre em Biologia. 

  • R. Hale, R. Pires, P. Santos, & A. A. Karamanlidis, 2011. Mediterranean Monk Seal (Monachus monachus): Fishery Interactions in the Archipelago of Madeira. Aquatic Mammals, Volume 37, Number 3: 298-305 

  • Karamanlidis, A.A., Dendrinos, P., Fernández De Larrinoa, P., Güçü, A.C. Johnson, W.M. Kiraç, C.O. & Pires, R. (2015). The Mediterranean monk seal Monachus monachus: status, biology, threats, and conservation priorities. Mammal Review, 45(4), 1-14. 

  • Karamanlidis A.A, Gaughran S, Aguilar A, Dendrinos P, Huber D, Pires R, Schultz J, Skrbinšek T, Amato G. (2016). Shaping species conservation strategies using mtDNA analysis: The case of the elusive Mediterranean monk seal (Monachus monachus). Biological Conservation 193: 71–79 

  • Dayon J, Lecompte E, Aguilar A, Larrinoa P, Pires R & Gaubert P (2020) Development and characterization of nineteen microsatellite loci for the endangered Mediterranean monk seal Monachus monachus. Mar. Biodivers. 50, 67.  

  • Rey-Iglesia A, Gaubert P, Espregueira Themudo G, Pires R, De La Fuente C, Freitas L, Aguilar A, Borrell A, Krakhmalnaya T, Vasconcelos R, & Campos PF (2020). Mitogenomics of the endangered Mediterranean monk seal (Monachus monachus) reveals dramatic loss of diversity and supports historical gene-flow between Atlantic and eastern Mediterranean populations. Zoological Journal of the Linnean Society.  

  • Salmona J., Dayon J., Lecompte E., Karamanlidis A.A., Aguilar A., de Larrinoa P.F., Pires R., Mo, G., Agnesi S., Borrell A., Danyer E., Öztürk B., Tonay A.M., González L.M., Dendrinos P., Gaubert P., (2021). The antique genetic plight of the Mediterranean monk seal ( Monachus monachus ). bioRxiv.  

  • Valsecchi E., Coppola E., Pires R., Parmegiani A., Casiraghi M., Galli P., Bruno A., (2021). Newly developed ad hoc molecular assays show how eDNA can witness and anticipate the monk seal recolonization of central Mediterranean. bioRxiv.  

  • Salmona, J., Dayon, J., Lecompte, E., Karamanlidis, A.A., Aguilar, A., Fernandez de Larrinoa, P., Pires, R., Mo, G., Panou, A., Agnesi, S., Borrell, A., Danyer, E., Öztürk, B., Tonay, A.M., Anestis, A.K., González, L.M., Dendrinos, P., Gaubert, P., (2022). The antique genetic plight of the Mediterranean monk seal ( Monachus monachus ). Proc. R. Soc. B. 289, 20220846.  

  • Grilo et al. (2022). MAMMALS IN PORTUGAL : A data set of terrestrial, volant, and marine mammal occurrences in Portugal. Ecology.  

  • Valsecchi E., Coppola E., Pires R., Parmegiani A., Casiraghi M., Galli P., Bruno A. (2022). A species-specific qPCR assay provides novel insight into range expansion of the Mediterranean monk seal (Monachus monachus) by means of eDNA analysis. Biodivers Conserv.  

  • McIvor, A.J., Pires, R., Lopes, C., Raimundo, J., Campos, P.F., Pais, M.P., Canning-Clode, J., Dinis, A. (2023). Assessing microplastic exposure of the Critically Endangered Mediterranean monk seal (Monachus monachus) on a remote oceanic island. Science of The Total Environment 856, 159077. 
     

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 LINKS ÚTEIS

IUCN Red List of Threatened Species

Monk Seal Alliance

Vídeo LIFE Madeira Monk Seal

IFCN Publicações, Livro " O Lobo-marinho no Arquipélago da Madeira"

 

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CONTACTOS

Coordenação do projeto

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